domingo, 13 de maio de 2012

Sessenta e dois anos sem Monteiro Lobato


Pela porta desse prédio passou o corpo do escritor que foi levado a ser velado na Biblioteca Municipal (Mário de Andrade). De lá, seu féretro seguiu rumo ao Cemitério da Consolação.
Em um túmulo de granito negro repousa aquele que viveu, vive e viverá para SEMPRE no coração e mente das crianças e dos adultos que, como eu, teimo ainda em ser criança.
Vez ou outra, eu vou lá, na Consolação, diante do seu túmulo, eternizar a minha admiração, amor e respeito.
Tento sempre fazer uma prece, mas não consigo. Ainda há muito pó de pirlim-pim-pim envolvendo seu local de repouso. A prece não sai. Mas abre-se um portal onde eu “faço de conta que as contas fazem”  e ultrapasso o umbral. E lá vou eu para o Sitio, viajo ao céu, ajudo Hércules nos seus doze trabalhos, vou entrando em cada livro e vou incorporado, um a um, cada personagem.
Diluo-me entre a fantasia e a realidade...
De repente um risinho maroto me traz à realidade do momento. Incomodado, meu pensamento pergunta: Quem se esconde atrás dos túmulos e interrompe meu sonhar acordado?
Novamente o risinho maroto. Logo uma voz responde: “Sou eu, meu caro leitor, que continuo vivo em cada criança que me ama e me lê. Criança grande ou não”.
O portal se fecha e eu volto ao mundo real, com a sensação de já ter ouvido aquelas palavras, aquele risinho maroto...
Será que eu ouvi na primeira vez que estive aqui? Nas tantas vezes que estive aqui?
Ou ouço essas palavras desde sempre no meu coração?... Será?!
Impossível pensar nisso agora! Estou tão em paz. Tão cheio de alegria a vida!...
E ainda há tanto pirlim-pim-pim nesse ar...
Wilson Natale

15 comentários:

leonello tesser (Nelinho) disse...

Natale, parabéns pelo seu texto, faz justiça a um dos maiores escritores que o nosso país possuiu, eu também curti muito as histórias do Lobato, abraços, Leonello.-

Anônimo disse...

Natale, é só para constar, claro que vc sabe!, mas nos anos 30s, 40s e 50s, as mães católicas da cidade frequentavam os túmulos de "santos" caninizados pelo povão: "Sta"Izildinha no Cemitério São Paulo (e já que estamos aqui do lado, Sta Gema Galgani na igreja do Calvário), "Sto" Antoninho da Rocha Marmo no Cemitério da Consolação... Pois bem, no dia em que visitávamos o túmulo do "Sto" Antoninho, assisti com minha mãe à despedida de Monteiro Lobato. Lembro-me que fazia frio, garôa fina, muita gente ocupando as alamedas do cemitério. Lembro-me também do carro fúnebre com 4 colunas e uma cobertura em forma de dossel (nunca mais vi um carro igual...)e ficou-me na lembrança o trinado (?) dos pássaros símbolos dos cemitérios, a rôla "fogo-pagou": fiu-fifiu, fiu,fifiu...
No retorno às aulas em agosto, minha professora do 1º ano, d. Ludovina, falou-nos sobre Monteiro Lobato, sua obra, seus livros, sua vida... Essas coisas aconteceram num tempo em que os professores gostavam do que faziam e ensinavam...
Abraço do Ignacio

Anônimo disse...

Natale, lembrei-me de uma coisa: a rádio Panamericana (atual Jovem Pan), um mes ou dois antes da morte de Monteiro Lobato, fez uma entrevista com ele, comandada pelo Murilo Antunes Alves. Na gozação Lobato começa a entrevista, duvidando que aquele trombolho (um gravador de arame) enorme e desajeitado poderia funcionar e executar as funções para as quais fora concebido . Deve ter sido um perereco trazer aquele monstrengo da r. Riachuelo para a Barão de Itapetininga... Creio que na rádio e no MIS existam o original e cópias da entrevista.
Ignacio

Anônimo disse...

Natale, desculpe-me voltar ao assunto (já devo estar enchendo!) mas achei no 'you tube.com.br' em "Monteiro Lobato-audio", um trecho da entrevista do Lobato.
Prometo parar por aqui!
Ignacio

Miguel S. G. Chammas disse...

Natale, Montero Lobato tamnbém povoou a cabeçinha deste teu amigo com seus contos e personagens. Valeu!

Luiz Saidenberg disse...

Belo texto, Natale.
Lobato foi meu primeiro ídolo literário- não tinha nem sete anos.
E lembro, até hoje, muitos trechos de suas histórias. Abraços.

Wilson Natale disse...

A TODOS:
O texto foi basado em uma foto do prédio onde morou e onde faleceu Monteiro Lobato. O prédio existe até hoje e fica à Rua Barão de Itapetininga, nº 93.
Sem esta explicação, o texto fica sem sentido, pois se inicia a partir do prédio onde morou o Lobato.
Abração,
Natale

Wilson Natale disse...

Nello:
Valeu!
Lobato merece e deve ser sempre lembrado pelo que deu à todas as crianças desse Brasil. Histórias mágicas e genínamente brasileiras.
Abração,
Natale

Wilson Natale disse...

Joca:
Lembranças e memórias não "enchem" nunca! Enchem sim, o texto com novas lembranças.
Embora o fato seja triste, você viveu um momento genuinamente histórico!
Lobato, infelizmente, me fez uma disfeita.Ahahahaaaa! Morreu quando eu tinha poucos meses de vida (nasci em janeiro de 48). Não esperou que eu aprendesse a ler. Mas eu me vingo. Sempre que estou pela Consolação, vou lá, no túmulo, "torrar o saco dele"! Ahahahaaaa!
Abração,
Natale

Wilson Natale disse...

Miguel:
Valeu o comentário. Éramos crianças privilegiadas.
Abração,
Natale

Wilson Natale disse...

Saidenberg:
Valeu!
Lobato faz parte das nossas vidas e, de certo modo tornou-se dono do nosso imaginário infantil. E que coisa boa é isso, não é mesmo?
Abração.
Natale

Laru disse...

Natale, o Lobato foi, pra mim o maior incentivador nas leituras de livros. Até conhece-lo eram só os gibis; lia alguma coisa de aventuras em livros juvenis, mas deslanchei, mesmo foi com os "12 trabalhos de Hercules", aí eu ví que ele me fisgou, nunca mais esqueci dos livros do Lobato. Isso sem falar na sua atividade cívica em defesa de nosso petróleo. A Refinaria de Cubatão, que tinha que se chamar, por direito, Refinaria de Petróleo Monteiro Lobato" e não com o nome do presidente assassino, Artur Bernardes que mandou bombardear São Paulo, em 1924, matando minha tia Carmela, com 23 anos, (conto esse relato no SPMC em 2007, minha primeira história.)Nobres e inteligentes foram os baianos que deram o nome de Lobato a uma cidade. Gostei muito de sua recordação, Wil, ele merece muito de todos os que ja foram crianças.Um bacio in testa, fratelo mio.
Laru

Soninha disse...

Olá, Natale!

Lobato, nosso querido iniciador de um vício muito bom...ler!
Meu mundo infantil sempre foi povoado das belas histórias de Lobato!
Ainda carrego muito do incrivel pirlimpimpim... e sempre carregarei! O poder da escolha...o poder do crer...o poder do renovar.
Perdoe-me pela não colocação da foto do prédio...você me enviou. Mas, estou fora de casa, faz muito tempo... posto sempre às pressas, em hoteis...estou trabalhando bastante e nem sempre tenho bom sinal de internet.
Vou acrescentar a foto em seu texto, ok?!
Parabéns pelo trabalho de pesquisa.
Valeu!
Muita paz!

marcia ovando disse...

...através de seus livrow me apaixonei pela escrita e leitura!

Wilson Natale disse...

Márcia:
Penso que esta paixão, através do Lobato, atingiu a todos nós.
Abração,
Natale