Há alguns
anos, escrevi um texto relatando uma de muitas aventuras circenses. Mês passado
eu e a Soninha resolvemos passar um domingo diferente. Estávamos sós, pois os
jovens, aproveitando o feriadão, haviam viajado.
Não tínhamos
qualquer compromisso antes das 19h00m quando iriamos encontrar a Nathalia no
terminal Barra Funda, onde estaria retornando de seu passeio.
Resolvemos,
então, nos dirigir para o centrão de Sampa, mais precisamente Largo Paissandu,
e visitarmos a Galeria Olido em sua nova fase.
Saímos de
São Bernardo do Campo por volta de 11 horas e fomos à busca de um
estacionamento próximo do nosso objetivo, estacionamos na Avenida São João no
local onde antigamente ficava o Cine Ritz São João, como tínhamos tempo
suficiente, decidimos, antes, passar no Ponto Chic e mastigar alguma coisa,
mas, para nossa surpresa o estabelecimento estava fechado. Será que não
trabalha mais aos finais de semana ou foi efetivamente desativado? Não sei
dizer!
Bem sem
outra opção e sabendo que a Galeria só abria a partir das 13 horas, Começamos a
subir a Avenida São João rumo à Praça da Republica, em busca de um local
aceitável para almoçar. Decepção pura, o quarteirão da São João entre a Dom
Jose de Barros e a Ipiranga, da mesma forma que o Largo Paissandu estavam
detonados, sujeira por toda a parte, moradores de rua adormecidos por todas as
calçadas, os prédios que compunha a Cinelândia Paulista em plena deterioração.
Cada passo
que dávamos era uma nova facada em nossos corações. Concluímos que nossa Sampa
não merecia este total desprestígio dos políticos e/ou gestores que sentaram e
sentam na cadeira e cargo de Prefeito da maior cidade do Brasil.
Não tínhamos
nem a opção de fechar os olhos para não ver a cena que se abria à nossa frente,
seria por demais perigoso. Seguimos, pois nosso caminho em busca do almejado Restaurante.
Caminhamos
pela Avenida Ipiranga, Praça da Republica, Rua Vieira de Carvalho que outrora
eram coalhadas de bons restaurantes e.... nada!
Decidi,
mesmo sabendo que teríamos um custo além do pretendido, buscar abrigo na velha
casa de pasta de minha mocidade, o “Restaurante O Gato que ri” que ainda está
no seu velho endereço do Largo do Arouche. Lá chegando pude constatar que era,
ainda, um local de extrema qualidade e cortesia. Que servia alimentação de
primeiríssima qualidade, mesmo que a preços bem mais impopulares do que
antigamente.
Sentamo-nos
e degustamos (pratos bem servidos, mas em porções unitárias) um agnelote à moda
e uma lasanha ao forno, uma bela jarra de vinho, e doces de sobremesa. Paguei a
conta (Ufa!) voltamos pelos mesmos caminhos que até lá nos levaram, tentei,
ainda, fugir das cenas mais degradantes e enveredei pela Rua 24 de Maio, mas
debalde, percebi que a deterioração era uma constante em todos os locais.
Enfim,
chegamos à Galeria Olido, objeto de nosso passeio.
Começamos
nossa expedição e de imediato entramos numa exposição de artes circenses. O
sangue que corre em minhas veias tem muita serragem dos picadeiros e,
imediatamente começou a ferver, tinha algum conteúdo teórico nas paredes e eu
comecei a ficar preocupado. Queria mais e, insatisfeito, perguntei à
recepcionista se havia mais alguma coisa para ser vista ela, muito simpática,
explicou que no primeiro andar estavam as melhores memorias dos circos.
Fomos para o
primeiro andar. Um espaço muito maior e bem utilizado. De frente à escada de
acesso as primeiras emoções, as maquetes de dois circos se escancaram à nossa
frente, a primeira de um circo fictício, mas a segunda cutucou, de verdade, as
minhas recordações. Ali estava, em toda a sua plenitude, o famoso Circo Garcia
tantas memorias e objeto primeiro desta crônica.
Muitas
lembranças maravilhosas foram surgindo à nossa frente, estórias de vida dos
palhaços mais famosos (tirei, inclusive, uma foto ao lado do meu ídolo PIOLIM),
espaço para que fosse experimentada a emoção de atravessar, sem qualquer risco,
o Largo Paissandu utilizando uma corda. A Sonia adorou a ideia e tirou várias
fotos.
A estória e
pertences de antigos palhaços foi sendo apresentada e curtida com muita emoção.
Enfim, estava validada a nossa incursão. No andar superior outra exposição
serviu para que a Soninha extravasasse suas peraltices e tirasse várias fotos
no espaço com o piso coberto com papelão e onde o uso do sapato era proibido.
Novamente a Soninha adorou a proposta “deitando, rolando e fotografando” nesse
espaço.
Saímos do
museu e continuamos o passeio. O cinema não pudemos visitar, uma sessão estava em
andamento e a próxima sessão, por culpa do horário, não nos seria possível
esperar.
Fomos,
então, xeretear no espaço “vitrine da dança” e vimos um local de muito som
(exasperadamente monótono e repetitivo) onde pessoas se retorciam ao ritmo do
hip hop. É um espaço livre, que considerei bastante democrático, mesmo não me
agradando o tipo de som executado. Como sou oriundo dos velhos salões de baile,
me agradou muito a performance de vários habitues do espaço. Em ultima análise,
gostei do que vi por ali, mas dificilmente voltaria ao local.
Bem,
terminamos o passeio e fomos ao alcance de nosso carro. Passeio bastante
agradável.
Cheguei até
aqui e percebi que o motivo que havia me levado a escrever sequer foi descrito,
provando, mais uma vez, que o rabiscador não tem o domínio do que rabisca, os dedos
são determinantes ao digitar o teclado. Não faz mal, prometo que escreverei
sobre o tema principal no próximo rabisco.
Ate lá
então...
Por Miguel
Chammas