segunda-feira, 8 de outubro de 2012

MEMÓRIAS DE UM ÍDOLO

 

Desde tenra idade a musica foi minha grande sedução. Musica clássica, lírica ou popular me atraiam e acalmavam. Tinha um tio de segundo grau (era tio de minha mãe), que na qualidade de empresário do Teatro Municipal de São Paulo, me facilitava o comparecimento  â maioria dos espetáculos que nesta capital cumpriam suas turnês, e mais, após o espetáculo, o acesso aos bastidores e camarins era garantido.
Além dessa fantástica iniciação musical, eu tinha em casa, minha mãe dona de uma belíssima e afinada voz e que não degenerando sua descendência italiana, sempre a meu pedido, me presenteava com audições das velhas e românticas canções napolitanas. Sem contar que, também, cantava com belíssima maestria as canções e tangos portenhos.
Considero então, que meu berço musical, ao contrário do que hoje se oferecem aos  jovens rebentos, foi de  altíssima qualidade.
Os anos foram passando e eu, cada vez mais apaixonado pela musica. Confesso que, na minha transição de menino para rapaz, tentei por algumas vezes entoar canções, compareci aos programas infanto-juvenis de calouros como o Clube Papai Noel do querido Homero Silva , ao Grêmio do Zezinho da antiga Radio Cultura na Avenida São João. Inúteis tentativas, meu negocio era ouvir e me deleitar com mas obras dos verdadeiros artistas.
Ídolos musicais sempre tive, entre eles Enrico Caruso, Tito Schippa, Gino Becchi, Beniamino Gigli (de quem recebi inesquecível presente), Carlos Gardel, Libertad Lamarque, Hugo Del Carril, Bing Crosby, Frank Laine, Frank Sinatra. Muitas linhas deveriam ser preenchidas com nomes de meus ídolos, e ainda nem sequer citei um só dos meus ídolos nacionais que começavam com a voz de Vicente Celestino, passavam por Mario Reis, Francisco Alves, Orlando Silva. Sylvio Caldas, Carlos Galhardo, Nelson Gonçalves, Dalva de Oliveira, Wilma Bentivegna, Izaurinha Garcia, Elza Laranjeira, Angela Maria, Elis Regina (a maior de todas), Claudia e tantas outras.
Mas voltando ao ídolo que sugeriu este texto, nos anos 50 me tornei fã de um sanfoneiro que marcou para sempre um ritmo nordestino, o Baião e seus derivados. LUIZ GONZAGA.
Fui seu fã incondicional e o acompanhei por diversos auditórios e tetros de Sampa, principalmente o auditório da Radio Record na Rua Quintino Bocaiuva.
Seu grande Show em São Paulo aconteceu num domingo nas salas do Cine Odeon, eu ali estava e levava comigo meu irmão e meus primos Roberto e Sonia. Tinha conseguido convites para todos e nos divertimos muito, principalmente quando eram sorteados uma centena de prêmios aos presentes. Num dos sorteios o numero estava no convite que eu Dersa a minha prima Sonia, foi uma Bicicleta Hercules. Eu não tinha uma até então e tinha a certeza que dificilmente haveria de ganhar uma bicicleta, não achei justo ela se apossar do premio que, se eu não lhe tivesse convidado, seria meu.
Essa bicicleta foi motivo de várias brigas e muitas surras naquela casa das Rua Augusta onde nós morávamos.
O show foi fantástico, a musica foi contagiante, o Rei do Baião reforçou minha idolatria, mas no fundo, até hoje, sinto uma certa dor por não ter ganhado a tal bicicleta
por: Miguel Chammas

8 comentários:

Zeca disse...

Miguel!

Não sofra mais pela bicicleta! Afinal, você ganhou presentes muito mais importantes, especialmente essa iniciação musical de primeira linha! E ter tido a oportunidade de acompanhar os shows do inesquecível "Rei do Baião", então, não tem preço!
E o mais engraçado de tudo (para mim, pelo menos!) é que, até este momento, jamais passou pela minha cabeça que você poderia ter sido tão fã do grande Luiz Gonzaga! Você está mais para samba-canção, bolero, até mesmo tango do que para o baião, uma das mais puras raizes populares brasileiras!
Fiquei especialmente feliz em descobrir essa particularidade entre seus variados gostos musicais, já que eu também sou um grande fã desse genuíno e imbatível ídolo brasileiro!

Abração.

margarida disse...

Miguel, que gostoso saber da sua apreciação por Luiz Gonzaga. Lá em casa meus pais sempre curtiram o Rei do Baião e por esta razão também minha grande admiração por ele e mais meu neto fez como trabalho escolar, uma linda homenagem pelos cem anos do Gonzagão. Como vê esta conquista tem passado de geração a geração. Parabéns pra você e ao nosso ídolo, homenagem merecida. Um grande beijo.

Wilson Natale disse...

Miguel:
Antes de comentar,justifico a minha ausência. Ainda estou trabalhando com pesquisas no norte do Paraná. Voltei de Paranaguá por uns dias para pagar os "papagaios" (risos) e votar. Volto para lá no dia 12 e fico até o fim do mês.
Aproveitei para comentar muitos textos e separar um texto para ser publicado.

Teu texto é ótimo!
Mostra bem a nossa educação em artes, não importando a classe social em que vivíamos.
Sabe-se lá se meu avô não conhecia esse seu tio, pois através de um amigo dele, empresário, ví muita coisa no Municipal - e a primeira ópera, Tosca.
Até 1970 eram os tempos da diversidade musical brasileira e da diversidade musical internacional: música francesa, espanhola, americana, argentina, alemã,etc. Depois,a America tomou conta do mercado.
E nós perdemos,perdemos muito.
O nosso cenário musical brasileiro, no nosso tempo era uma delícia! Tínhamos os shows de rua, cinemas e nos auditórios e... Sorrrrteios!!! Tudo conspirava para sermos felizes!
E o LUA, certamente, foi para nós uma grandeza que nos trouxe o Nordeste e, junto, o Jackson do Pandeito & Almira e Carmélia Alves.
Fomos e somos felizes! Pois nos formamos em todas as artes na Facudade da Vida.
Mesmo não ganhando a Bicicleta, que com o tempo seria encostada, ganhou o LUA! Quer coisa melhor do que ter visto ao vivo e a cores, um dos maiores ícones brasileiro?!
Tudo passou: A Rádio América virou Conjunto Zarvos, o Odeon continua estacionamento e o Lua continua mais vivo que nunca.
Abração,
Natale

Anônimo disse...

Passei por aqui Miguel, antes de comentar desejo fazer um esclarecimento.

Os ídolos, segundo a Bíblia depõe um pouco contra o Deus soberano. Mesmo sendo idolo cantor, evitemos chamar de ídolos pois afeta o amor nosso a Deus, me parece isso.

Será que estou sendo 'fundamentalista'. Me entendam bem, não é isso. Só quero dizer que maior do que Deus não tem ninguem.

Pronto. Agora meu comentário sobre o Luizão LUA. Teve uma produção boa inclusive de seu filho Gonzaguinha. E a bicicleta? Isso é o de menos Miguel. Parabéns pelo seu texto.

suely aparecida schraner disse...

Bacana essas lembrançs e parabéns pelo seu texto. Também sou fã do Gonzagão e acho que você deveria ter ficado pelo menos, com "meia" bicicleta,

Laruccia disse...

Por incrível que possa parecer, Miguel, toda vez que ouço um disco qualquer do LUIZÃO, associo, imediatamente com a zona do meritrício, (Aymoré, Itaboca, etc) porque quando frequentava aqueles lugares, ouvia sempre ele cantando. E olha que adoro ouvi-lo sempre, não pelas recordações mas, pelas músicas, mesmo. Não devemos nunca conceituar aquelas mulheres pois, hoje sabemos o valor que elas representaram pra todos nós. Isto sem se atinar para o que aconteceu com o próprio LUIZÂO, casando com uma delas, deu-nos um artista que considero tão grande ou melhor que o pai. Parabéns, Miguel.
Laruccia

Leonello Tesser (Nelinho) disse...

Miguel, se você tivesse ganho a bicicleta poderia estar hoje passeando pela faixa exclusiva criada pelo Kassab no centro da cidade, abraços, Nelinho.

Leonello Tesser (Nelinho) disse...

Miguel, se você tivesse ganho a bicicleta poderia estar hoje passeando pela faixa exclusiva criada pelo Kassab no centro da cidade, abraços, Nelinho.