Não sou muito chegado a escrever sobre datas marcantes ou frases históricas, principalmente sobre as tais efemérides, efemérides como diria o Conselheiro Acácio. Não acredito nessa história de "Sigam-me aqueles que forem brasileiros" ou "As cortes Portuguesas, etc. etc.. Laços fora, Independência ou Morte" ou "Se mil vidas eu tivesse..." ou ainda "Os dados foram lançados..." ou o galilaico "et pur si muove"..., ou Libero Badaró com um tiro na moringa, bem no meio do semblante: "morre um liberal, mas não morre a liberdade", ou Marie Antoinette com seu... "não têm baquettes nem ficelles? manda esse pessoal comer bolos, brioches, profiterolles com patées de foie grãs na falta de manteiga. Sacre bleu, mon Dieu!, que falta de criativité, né Louis? :... Je pense que j'ai un torcicolo! Alguém chame o Dr. Guillotin, s'il vous plait?":
- ...Que pescocinho delicado, lindo, Ma Dame la Reine!
- Merci, Monsieur le docteur...
Será que tinha alguém ali do lado com um gravador? ou com um caderno de notas? ou com uma câmera escondida? Algum paparazzo?...heim?, heim?
Pois é, pelo fato de ser um incréu é que não escrevo nem comento, também, essas datas misteriosas como o Dia das Mães (nem tão estranhamente, 9 meses após o Dia dos Pais, façam as contas!), Dia da Sogra, Dia dos Apreciadores de Farinha de Mandioca, Dia dos Elefantes Problemáticos, Dia dos Caçadores de Borboletas, Dia dos Fabricantes de Pipas, Dia dos Namoridos Encrencados e por aí a fora...! e, muito menos, os feriados religiosos e Dias Santos:
Ansim boquejou Zaratustra, codinome Zara: - "...em verdade, em verdade, vos digo: - Aqueles que muito falam, falarão demais e aviso que a data de hoje deverá ser lembrada com uma hecatombe de 100 bois brancos, não 99 e nem 101! 100 bois! hecta em grego, fui claro ou querem que faça um desenho?; não pentatombe, nem hexatombe, nem heptatombe. Hecta!... e, sua carne (dos bois, dos bois, claro!) deverá ser vendida para os mais necessitados a preços escorchantes para que eles deixem de ser otários ou estácios embandeirados.
No futuro, nesta data, se for feriadão, melhor! Comboios de 5 vezes 100 carruagens sem cavalos ou caravançarás de 100 camelos, deverão descer a Serra do Mar de cada vez, em direção aos infernos do litoral e no caminho, tanto na ida quanto na volta, haverá choro, sangue e ranger de dentes, além de entrevistas idiotas de jornalistas da Redibus Globulus com condutores dessas carruagens ou com os caravaneiros, que, ritualisticamente, deverão estar com latas de cerveja nas mãos, sem camisa e vestindo bermudas compradas na 25 de Março ou no Brás, com o 'rêgus gluteus pelludus" aparecendo calhordamente, 'gengibas' com falta de dentes, e que deverão ser tão demenciados quanto os tais jornalistas..."
: - ...é dificer, 'mais' nóis se adivertimo! ...estemo na istrada fais 19 hora, no fusca cheirando mortandela, sem água, sem cumida i acabô o leite das mamadêra das criançaiada (equipamento de som explodindo a 300 dB, funk de bandido ou uma letra poética e com profundo sentido filosófico do tipo "Olha o pente, olha o pente, olha o pente, olha o pente...). Vai passá no Jorná Nacionar? qui hora quié? uma veis mi intrevistaro no Paicambu i num apareceu p...nenhuma!; nóis fiquemo esperâno até acabá o Jorná daquela muié bonitona qui fala di noite, perdi a hora, cheguei tarde na trampa i num si vi na TV..., é mole, juventude?, num levo fé, não!
Também tenho a maior bronca dos oradores de beira de túmulo, dos oradores de coquetéis, de banquetes, de oradores senadores e deputados nordestinos e quejandos, não os nordestinos como pessoas, mas bronca daqueles discursos intermináveis que provocam sonolência, narcose braba; prá acordar os dormintes, digo, os ouvintes apenas um enxame de marimbondos de fogo invadindo o recinto e pondo todo mundo prá correr em debandada, desesperadamente. É a Síndrome de Agarramento de Microfones ou, em casos mais graves, a Síndrome de Dupla Personalidade com a de Dominância da de Ruy Barbosa, um perigo!:
- ...Excelência, questão de ordem...
- O nobre colega deverá seguir a ordem de inscrição para se manifestar... permitam, Vossas Excelências, que eu volte a tratar dos assuntos de relevância, de importância da segurança nacional quando fui bruscamente interrompido pelos inconvenientes apartes das bancadas não alinhadas à linha de pensamento de minha agremiação partidária, por essa cambada de beócios e capadócios...
- Se me permite o nobre e digno representante da província de Brandemburgo do Norte, cambada é a vossa família, beócio, melhor diria biócio, são dois, um em cada lado da testa, cheio de folhas e floridos como um jardim francês, é o senhor vosso pai, aquele senhor bebuço e andrajoso que baba na gravata e, capadócia é a senhora sua genitora, aquela senhora desfrutável e de conduta não ilibada alegria da criançada dos cursos primário, ginasial e 2º grau de sua cidade...
- Que constem nos autos as declarações do nobre representante do povo; depois conversaremos... mas, não obstante, de maneira peremptória, haverão de perguntar, o povo sofrido do sertão do Mandacaru perguntará, questionará, quererá saber, não esclarecidos demandarão respostas: "e daí? e eu, no meu papel de digno representante de minha província, de minha cidade, de meu bairro, de minha rua, de minha família, responderei: Sim, como de fato, não sei, precisamos manter a calma nesses momentos tão graves que afligem nossos corações e mentes ou iremos parar, nós todos, repito, nós todos!, nos nosocômios e nos sanitários dessa nossa pátria idolatrada, salve, salve! Mas, voltando às questões que me fizeram vir de Paris, de minha modesta mansarda no 17éme arrondissement, para me defender de acusações infundadas, reafirmo que em momento oportuno esclarecerei como surgiu uma piscina de volume d'água equivalente ao volume de 3 piscinas olímpicas em meu sitiozinho em Miami. Por enquanto não descarto a hipótese de milagre da Virgem de Macarena, da qual recebo, vez ou outra, alguma ajuda, tanta é minha fé em seus milagres...
(Neste momento o plenário é invadido por um enxame de marimbondos de fogo e todos fogem, aos berros, orador incrusiver!)
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Estou parando por aqui, porque detesto quem fica escrevendo feito louco (epa!) e eu estou me vendo nessa situação e já perdendo o autocontrole...
Este texto é dedicado àqueles que como eu, tem lá suas manias, já dobraram Cabo das Tormentas e que fingem não ouvir os netos cochicharem: - Ssshh!, fica esperto que o vô hoje deve estar com os calos doendo. Vê se não fala bobagem perto dele...
Dedico-o também aos paulistas e paulistanos de minha idade que já precisam usar técnicas mnemônicas prá se lembrar como é o nome do vizinho por 40 anos e que não se lembram qual é a chapa do carro nem o número da casa, nem o nome da rua,... E, ao mesmo tempo, espero reavivar as lembranças de dois personagens geniais de programas de rádio: Dr. Infezulino, de um programa de auditório da Radio Nacional do Rio de Janeiro e Zé da Bronca, vivido por Manoel de Nobrega no programa diário que levava seu nome, na antiga Rádio Nacional de São Paulo. Remember...
Abraço a todos (mas não aperta muito que me dá "farta de ar")
por: Joaquim Ignacio
8 comentários:
Ignacio, seus textos apesdar de uma realidade exuberante, são e9ivados de um humor constante e contagiante, onde o redigir na forma em que as pessoas falam é a nota mais característica.
Continuo a te creditar meus singelos aplausos.
Mania todos nós temos, mas o melhor de tudo é não perder o humor. Esta me parece ser sua característica principal, meus parabéns! Um beijo.
JOCA:
Longe de Sampa, aqui, nestas terras do Paraná, nesta cidade de Paranaguá (que o dinheiro anda curto e é preciso "lavorare"!)vou levando a vida pesquisando os velhícimos documentos do tempo em que o Paraná fazia parte de São Paulo. O bom disso tudo é que vou apenas justificar a minha ausência... Ahahahaaaaa!
Hoje, com essa chuva torrencial e ventos fortes e coçando - não há o que fazer até amanhã, aproveito para ler e responder aos amigos.
E, como não votaria no "Massacrante SERRA elétrica" e nem no "Ha dad vai!... Num dô, num dô, num dô"!...Estou satisfeitíssimo.
Dobrar o Cabo das Tormentas ou da Boa Esperança é um grande feito. É sinal que se aprendeu, a um grande custo, as dificuldades da trajetória.
E na vida, navegar é preciso...
Pois na vida não há que se separar o joio do trigo. Há que reconhcê-los.
O trigo são as caras lembranças que nos adoçam. O joio é o sal que tempera a nossa vida. Os dois "contam" tudo o que vivemos na nossa trajetória de vida.
E tudo é diversão a se lembrar.
Quanto aos históricos citados, morri de rir quando lembrei de Pedro de Alcântara - que não era Primeiro ainda: Segundo o cronista, que acompanhava o príncipe, ele "parou no local chamdo Ipiranga para aliviar-se de umas caganeiras que dolorosamente afetava as suas entranhas quando chegou o emissário da Corte trazendo-lhe notícias perturbadouras"... Ahahahahaaaaaa!
O Bevilacqua não teve nem tempo de, como bom italiano que era, gritar: "Cazzo! Mi hanno sparato"! Quanto mais dizer por antecipação, aquilo que um amigo disse a ele no elogio fúnebre. Ahahahahaaaaaa!
Delícia de texto!
Navegar é preciso, recordar é preciso. Pois no nosso baú de tesouro são tantas as gemas e tantas as "pérolas"...
Eu, ainda nos meus 64, ainda acredito que, se rezar muito, no dia de São Nunca (30 de fevereiro, meu pedido será realizado!
E, quem sabe, quando na galinha cresce-lhe os dentes, todos os meus desejos se realizarão...
Abração,
Natale
Meu caro Ignacio, seguindo rigorozamente suas orientações a respeito de determinadas posturas cansativas, antiquadas e desgastantes, concordo com vc na plenitude das colocações inseridas no seu maravilhoso texto. Parabéns, Jgnácio.
Modesto
Desculpe, o certo é IGNÁCIO.
Modesto
Ignácio!
É sempre com um prazer enorme que, ao procurar o autor do texto que me preparo para ler, vejo o seu nome! A futura leitura já ganha antecipadamente o gosto de quero mais, que sempre me deixa insatisfeito ao final da leitura! Sua verve literária é cativante e nem consigo imaginar netos seus cochichando, entre eles: "- Ssshh!, fica esperto que o vô hoje deve estar com os calos doendo. Vê se não fala bobagem perto dele..." Imagino-os, sim, correndo felizes para perto de você, pedindo que lhes conte suas milhares de histórias recheadas de bom humor.
EM TEMPO: Quero mais!
Abraço.
Eu gostei Inácio, dei boas risadas. Grande abraço.
Ignácio (com "g"), parabéns pelo alegre texto, continue escrevendo mesmo que a sua memória oculte algum dado, abraços, Leonello Tesser (Nelinho).
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