sábado, 11 de agosto de 2012

Dia de todos os Pais

12 DE AGOSTO É O DIA DOS PAIS.
DO MEU PAI, DO SEU PAI, DO PAI DOS NOSSOS AMIGOS.
E ATÉ DO PAI DOS NOSSOS "INIMIGOS",
POR QUE ELES TAMBÉM SÃO FILHOS,
ELES TAMBÉM TÊM PAIS.
DIA DOS PAIS DESQUITADOS,
DOS PAIS QUE ESTÃO SEPARADOS,
DOS PAIS QUE ESTÃO CASADOS,
TAMBÉM DOS QUE ESTÃO SOLTEIROS.
DOS PAIS DESEMPREGADOS,
JÁ MEIO DESANIMADO
E ATÉ CANSADOS DESSA VIDA.
DOS PAIS BEM APOSENTADOS,
TRANQUILOS GANHANDO BEM,
DOS PAIS JÁ APOSENTADOS.
QUE AINDA DÃO UM DURO DANADO
TRABALHANDO COMO NINGUÉM. 
DOS PAIS QUE PERDERAM UM FILHO,
COMO UM DIA OCORREU COMIGO,
E TAMBÉM COM ALGUNS AMIGOS.
QUE EU OS QUERIA BEM.
DOS PAIS QUE PERDERAM SEUS PAIS,
DOS PAIS BONS E AMADOS.
DO PAI QUE PENSA QUE É O TAL.
DOS PAIS QUE ESTÃO DOENTES,
NO LEITO DE UM HOSPITAL.
DOS PAIS QUE NUNCA FORAM PAIS,
DO PAI QUE NÃO FALA NEM LIGA,
NEM QUER SABER DE SEU PAI.
DOS PAIS QUE NÃO VALORIZAM,
OS BELOS FILHOS QUE TEM. 
DOS PAIS QUE ESTÃO NA PRISÃO.
DOS PAIS QUE ESTÃO SENDO JULGADOS,
PELO ESCÂNDALO DO MENSALÃO.
DOS PAIS DE VIDA CORRETA,
DE CONDUTA SEMPRE HONESTA,
E MUITO AMOR NO CORAÇÃO.
DOS QUE FOGEM DAS FALCATRUAS,
VIVEM LONGE DA CORRUPÇÃO.
POR QUE EU AFIRMO E ATESTO,
NADA PIOR PARA UM FILHO,
QUE TER UM PAI DESONESTO. 
DIA 12 DE AGOSTO É DIA DE TODOS OS PAIS.
DOS PAIS QUE ENCHEM A CARA.
VIVE ATOLADO SEM GARRA.
PARA LUTAR E VENCER.
APROVEITEMOS BEM NOSSO DIA.
POIS O DIA 12 DE AGOSTO
É UM DIA CHEIO DE GRAÇA,
É UMA DIA DE REVISÃO.
É O DIA DE TODOS OS PAIS.
É UM DIA DE MEDITAÇÃO.

Por Arthur Miranda (tutu)


Impressionismo Paulistano

imagem: Centro Cultural do Banco do Brasil no centro da cidade de São Paulo
Após meses de readaptação à vida na capital de São Paulo, começo, finalmente, a me sentir mais à vontade, menos “estrangeiro” por aqui. Assim é que, para “inaugurar” esta nova fase, nada melhor que ir até o centrão, mais precisamente à Rua Álvares de Azevedo, visitar o belíssimo prédio do Centro Cultural Banco do Brasil, onde, pela primeira vez na história cultural brasileira, podem ser vistas, em uma única exposição, 85 telas de grandes mestres do impressionismo, pertencentes ao Museu D’Orsay, em Paris. É a exposição “Impressionismo: Paris e Modernidade”.
O impressionismo foi um grande movimento artístico surgido no século XIX, com um grupo de jovens pintores que ousaram romper com as regras da pintura, até então vigentes. Eles passaram a pesquisar a luz e o movimento, através de pinceladas soltas, preferencialmente ao ar livre onde os artistas sentiam e captavam com mais intensidade e fidelidade as variações cromáticas presenteadas pela natureza.
E foi a minha paixão pelo impressionismo que me motivou a sair de casa hoje, uma terça-feira, para um merecido passeio – o primeiro que faço desde que voltei a São Paulo no início de fevereiro. Passeei pelas velhas ruas do velho centro da cidade, admirando turisticamente as fachadas dos edifícios, dirigindo-me ao prédio do centro cultural, num ensaio cultural daquilo que estava por vir.
Para maior brilhantismo dessa exposição, o belíssimo prédio onde funciona o centro cultural, teve seus andares adaptados, suas paredes pintadas nas cores usadas na época dos impressionistas, com o intuito de ressaltar a luminosidade de cada conjunto de obras, as quais retratam a vida na capital francesa, sob diversos ângulos: desde a correria urbana ao sossego no campo. As mudanças trazidas pela Revolução Industrial fizeram com que os artistas também mudassem a forma de olhar o mundo. Eles saíram de dentro dos ateliês e passaram a retratar o cotidiano e a natureza, valorizando a luz natural. Mesmo não agradando à maioria, suas obras causavam tantas sensações e impressões, que não passavam despercebidas e, assim, esses jovens e inquietos artistas acabaram batizados de impressionistas, nome pelo qual ficou conhecido mundialmente um dos maiores e mais importantes movimentos culturais do mundo. Não só os pintores, mas também escultores, músicos, escritores e outros artistas e intelectuais tiveram importância fundamental para o surgimento desse novo e instigante olhar sobre a vida e sobre o mundo.
A exposição está dividida em seis módulos, sendo três deles dedicados à vida urbana: “Paris: a cidade moderna”, “A vida urbana e seus autores” e “Paris é uma festa”. Nessa parte estão as cenas e vistas do rio Sena e da catedral de Notre-Dame de Paris retratadas por Pisarro e Gauguin; a vida burguesa retratada por Renoir; o cotidiano mundano das prostitutas em quadros de Toulouse-Lautrec; e as bailarinas de Degas.
Os outros três módulos são “Fugir da cidade”, “Convite à viagem” e “A vida silenciosa”. Nessa divisão estão artistas que buscaram a tranquilidade do campo como forma de inspiração, como Claude Monet, que se mudou para Argenteul, no interior da França, e depois para Giverny; Van Gogh, que decidiu seguir para Arles com a finalidade de formar uma colônia de artistas; Gauguin e Émile Bernard foram viver na Bretanha; e Cezanne que voltou a Aix-en-Provence para “redescobrir a luz”.
Uma das vantagens de ser maior de sessenta anos: as filas! Plena terça-feira, durante o dia, quando a maioria das pessoas se encontra no corre-corre dos seus afazeres, encontrei uma enorme fila contornando o majestoso edifício. As pessoas, pacientemente, aguardavam sua vez para entrar num mundo mágico de cores, formas, encantamento. Como uma das coisas que menos gosto é enfrentar filas, perguntei a uma funcionária que organizava aquela qual era a previsão de espera para entrar. Ela me disse que de cinquenta minutos a uma hora, aproximadamente. Assustado, titubeei e ela revelou que, para os funcionários, aquela era uma espera pequena, já que havia dias em que o tempo “de fila” era de duas e até de três horas. Mas, para minha satisfação, nesse rápido bate-papo, a moça me informou que havia a fila para pessoas maiores de sessenta anos! Aliviado, agradeci a informação e me dirigi para a entrada principal, onde havia uma pequena fila (talvez quize a vinte pessoas), onde acabei esperando por, talvez, quinze minutos para ingressar num mundo de sonhos.
O próprio edifício já é uma obra de arte, restaurado para manter as linhas originais do início do século passado, com seus arabescos art-nouveau. É um edifício de linhas ecléticas, localizado no coração do centro velho da capital paulista. A cuidadosa restauração trouxe conforto sem ferir as linhas originais, preservando a linguagem arquitetônica, e abrigando espaços diversificados como teatro, sala de cinema, livraria, café, restaurante e espaço utilizado para exposições.
Chegando ao prédio já começamos a nos sentir mais fora do nosso espaço, quase dentro de um sonho, onde nos é permitido fazer companhia aos grandes mestres, como Gauguin, Cézanne, Monet, Manet, Renoir, Van-Gogh, Toulouse-Lautrec, Pissarro, Degas e outros. É onde mais nos sentimos “cidadãos do mundo”!
Enquanto aguardava, fiquei admirando a arquitetura interna do prédio e me distraindo com um belo audiovisual mostrando várias fases do atual Museu D’Orsay, desde a construção da Gare D’Orsay, passando pela sua decadência e desconstrução, até a restauração e criação do atual museu.
Voltando ao centro cultural, o vazio central fechado por uma claraboia é o grande destaque interno do edifício. As colunas com capitéis, as luminárias, o piso de mosaico veneziano e as portas em latão completam o impacto visual que nos impressiona agradavelmente. A fachada é realçada pelas antigas janelas, totalmente preservadas e pelo estilo eclético do projeto, tão a gosto dos brasileiros no final do século XIX e início do século XX. No antigo subsolo, onde ficavam as caixas-fortes, foi criado um grande espaço para mostras, mantendo, entretanto, dois grandes cofres que preservam a memória do prédio, onde funcionou uma instituição bancária.
Enfim, pouco a pouco vou retomando o meu contato com a cidade onde vivi os primeiros dois terços de minha vida e relembrando que existe uma vida cultural e de qualidade ao alcance de todos. Além desta, existem várias outras exposições espalhadas pela cidade, gratuitas ou, se pagas, com dias onde pessoas com mais de sessenta anos nada pagam para usufruí-las. A próxima na minha programação é a recém-inaugurada “Caravaggio e seus seguidores”, no Masp. Esta, com obras do mais importante mestre do barroco italiano e seus seguidores, vai até 30 de setembro.
A exposição “Impressionismo: Paris e Modernidade” é gratuita e fica no Centro Cultural do Banco do Brasil de São Paulo até 7 de outubro, de onde seguirá para o centro cultural do Rio de Janeiro.

Por Zeca Paes Guedes


Vocês ficam tão bonitos de branco

imagem: Hospital das Clínicas da FMUSP

- "Juca, chegou sua hora; vai descansar na Sala de Material; o Valdomiro bolou um esquema, fez uma caminha com umas caixas de soro, já tem um lençol e uma manta lá..., vai que a gente segura os pepinos...tem uma térmica com chá e outra com café, tem uma cesta com pão com margarina...
3 horas da manhã, meu colega, com o rosto estremunhado, com o sono ainda restando, vem me substituir nos cuidados com os pacientes, graças a Deus.
Estou me segurando.
Nó na garganta, as lágrimas quase aflorando.
Vou para o banheiro fumar.
Queimo dois cigarros em poucos minutos. Não vou para o 'repouso', vou passar a minha hora no terraço olhando a escuridão...
Hospital das Clínicas da FMUSP, 22:00h, Clínica de Neurologia, 5º andar
Hora de assumir meu plantão, e não sei para qual função vou ser designado.
Esperar.
Passagem de plantão, Enfermaria após enfermaria, leito após leito, a procissão de Enfermagem se desloca pelo corredor da ala norte, as Enfermeiras Encarregadas à frente, seguidas pelas Enfermeiras de Cabeceira recém formadas e ainda aprendendo, e nós, arraia miuda, estivadores, fechando o grupo dos que estão entrando e dos que estão saindo...
A passagem do plantão dura, em média, 20 minutos; em seguida vem a distribuição das tarefas para a noite. "Fulana e Beltrano na Medicação, Cicrano nos sinais vitais e no controle de gotejamento dos soros, a Fulaninha, grávida, fica no Encaminhamento quando necessário, ou em alguma troca ou banho até 00:00h...".
Quem está saindo, faz um relatório verbal, sucinto, a respeito das condições dos pacientes sob sua responsabilidade. Exemplifico:
Luis (um colega):
- O paciente do leito 11...
Enfermeira:
- "Seu" Luis, o paciente não tem nome? Por acaso ele entrou em óbito ou está comatoso?, o nome dele não está na papeleta?
- Desculpe, Enfermeira: (retoma o relatório verbal)... O paciente do leito 11, Sr. Francisco, está lúcido, mantém diálogo lógico, aparenta moral elevado, está atento, orientado no tempo e no espaço, normotenso, normotérmico, anictérico, necessita de auxílio para exoneração fecal, diurese por Folley, deambula apenas com auxílio, recebe eletrólitos por flebo em membro superior direito, em jejum para craniotomia às 7:00h...
Comigo aconteceu o que eu mais temia:
- ...o "Seu" Joaquim vai ficar com as crianças da neuropediatria, cuidados gerais!
Vou ter que encarar alguns casos de Coréia, Doença de Wilson, hidrocefalia e o caso de duas recém nascidas, siamesas, unidas pela região occipital... Bem, para ser mais exato, já que eu quero falar de um plantão específico, vale uma explicação: naquela ocasião as siamesas já tinham sido separadas e uma delas evoluira para óbito na UTI de Neurocirurgia, de maneiras que eu iria cuidar da sobrevivente.
Sinceridade? Nenhuma hipocrisia? Nada de falso heroismo e desprendimento? Pois bem: em minha opinião (que, afinal, não contava no frigir dos ovos) a gestação tubária, teratogênica, daquelas crianças deveria ter sido interrompida quando do primeiro ultrassom, mas quem sou eu, o que é que eu sei das coisas? Eu não sou e nem era santo, não posso e nem podia interferir na evolução dos acontecimentos...
01, 01:30h da madrugada, chamo o plantonista; a criança pós-operada, apesar de entubada, está lutando contra o respirador 'bird' e, além do mais, está febril, 39ºC...
- (Médico)...essa febre é do SNC, condição neurológica, não há muito o que fazer. Vou acertar o ritmo do respirador e vamos fazer um X de tórax prá ver como estão os pulmõezinhos e, só depois, tomar conduta...
- Vou chamar o pessoal da gasoterapia; não dá prá desconectar do bird...
- É mesmo!...chama, chama..., diz que é urgência, caso importante..., vou preencher a requisição...
Como ninguém atendia ao telefone da gaso, desci aos infernos dos subterrâneos do HC para ver o que estava acontecendo e deixei o médico e as enfermeiras procurando acertar o ritmo e as misturas gasosas do bird, situação crítica!
Quando voltei para a clínica com os técnicos e o respirador portátil, pelo menos uma parte de nossos problemas começaram a ser resolvidos e conseguimos começar a descer para a radiologia. Não podíamos ficar muito tempo fora de um ambiente controlado, claro e nem pedir que um técnico em raio X subisse para a Neuro com um equipamento portátil. O tempo era importante!; no entanto, já no elevador, a criança começou a convulsionar...:
- Essa criança está parando! Está parando! Vai parar com a gente... Vamos descer no PS... Precisamos espaço...
Saimos para o corredor do PS com a criança parada... Começamos a tentar a ressuscitação massageando seu peito com a ponta de dois dedos.
Formou-se um circulo em torno do berço.
Algumas colegas começaram a rezar em voz alta, enquanto outras pediam que chamassem o capelão, outras choravam...
Um professor do PS foi chamado e chegou assumindo os procedimentos:
- 'Tá bom, 'tá bom...já fizeram sua parte, já chega!já chega! É muito sofrimento, chega!...chega! Vamos deixar a natureza seguir seu cuso... eu assumo daqui...
**********
Estou olhando para a escuridão; acendo cigarro após cigarro...
Finalmente amanhece. O ambiente na ala norte está alegre e triste ao mesmo tempo, se é que me entendem.
Fim de um sofrimento.
Das meninas e nosso, nós profissionais...
Passamos o plantão para o grupo que entrava.
Procissão pelo corredor.
Leito "fechado" na Neuropediatria.
11:00h da manhã, tomo um banho demorado e começo a me preparar para pegar plantão no Hospital Iguatemi. Faço um lanche/almoço rápido. A Odete já está trabalhando em seu Salão de Cabeleireiro que está com algumas clientes. Uma delas, ao me ver, sorri:
- Eh, 'seu' Ignacio... Tenho inveja do senhor... Trabalho leve, um curativo aqui, uma injeçãozinha ali, roupa branca... vocês ficam tão bonitos de branco... se eu fosse enfermeira iria trabalhar com criança... adoro crianças...
- Que bom, que bom...porque você não faz o curso?... serviço não falta... bem, 'tou indo... até logo, senhoras... tchau Odete!
- Vai com Deus...
- Amem!
Por Joaquim Ignacio de Souza Netto