segunda-feira, 4 de julho de 2011

O Astra maldito


Tem dias que se chover sopa, com certeza você vai estar de garfo. Meu querido amigo Carlito, foi um belíssimo exemplo disso.
Para se ter uma idéia, em 1960 nós dois trabalhávamos em uma loja de roupas masculina na Rua Sete de Abril, quase esquina com a Xavier de Toledo. Um dia, Carlito chegou pela manhã, todo eufórico e ansioso, dizendo que havia sonhado a noite inteira com a milhar 6.666; morador que era do Bairro da Água Branca, Carlito pegava o ônibus perto do Largo Padre Péricles, em Frente o Cine Esmeralda.
Naquela linda manhã de Verão, ele saiu de casa com aqueles 6.666 na cabeça, deu sinal para um ônibus escrito cidade e, depois que o ônibus parou, ele notou que o número do mesmo era; 66 quando foi passar a roleta percebeu o número 666 no boné do cobrador, que era seu número como funcionário da Antiga CMTC - Companhia Municipal de Transportes Coletivos. Então, quando ele contava para nós, seus colegas, essa história, dizendo que iria jogar no bicho, entrou um freguês, ele foi atender, e o mesmo comprou meia dúzia de cuecas.
Essa meia dúzia, logo traduzida para 6, fez até Carlito mudar os planos. No lugar de jogar no Bicho ele decidiu ir até uma quitandinha e arriscar essa “barbada”, em um dos páreos.
Não deu outra; na hora do almoço, depois de pedir um vale para o dono da loja, lá foi o “sortudo” Carlito arriscar ganhar uma grana na quitandinha do jockey que, se não me engano, ficava bem pertinho na Rua Barão de Itapetininga, entre a Rua Dom José de Barros e a Praça da República.
Carlito voltou super eufórico, dizendo que jogou no cavalo nº 6 no 6º páreo e que tinha certeza que a sua sorte, dessa vez, não seria ingrata.
No dia seguinte, tudo permaneceu bem claro e lógico, no sexto páreo o cavalo nº 6 chegou como sugeriu o palpite, ou seja, em 6° lugar.
Ano passado, Carlito precisou resolver uns negócios no centro de São Paulo e como havia levado seu carro para a devida revisão, pediu emprestado o carro do filho, que havia comprado um mês antes. Um Astra preto, ano 2010. Carlito entrou no carro, foi para o centro de São Paulo e como o carro era novo, decidiu por segurança, enquanto resolvia seus assuntos, deixar o carro em um estacionamento da Rua Major Sertório.
Na volta, entregou o canhoto na portaria do estacionamento e esperou até o momento em que o manobrista, voltando, entregou-lhe o Astra preto.
Carlito entrou no carro e saiu do estacionamento dirigindo-se sem mais delongas, rumo ao Bairro da Penha onde ele mora atualmente.
Acontece que o manobrista, no lugar de entregar o carro preto do filho dele, por engano, entregou um Astra, do mesmo ano, preto, igualzinho ao carro que Carlito havia pedido emprestado ao filho, e como o mesmo não estava familiarizado com o carro, não notou nenhuma diferença.
15 minutos depois o dono do Carro que Carlito recebeu do manobrista chegou, o engano foi percebido, então houve aquele bate boca entre o pessoal do estacionamento e o proprietário do carro que agora mesmo, contra a vontade, já estava fazendo parte do MSC (Movimento dos Sem Carro).
Enquanto o pessoal do estacionamento revirava o Astra do filho do meu amigo, procurando um telefone ou mesmo um endereço para comunicar o engano, o proprietário irritado saiu do estacionamento, ligou para a polícia dando queixa do furto de seu veículo! Resultado? Carlito foi parado por uma viatura policial e “gentilmente” conduzido a uma delegacia, como suspeito de roubo de carro. Depois de longas horas de conversa “espontânea” com o Delegado, Carlito só foi liberado muitas horas mais tarde, depois da chegada do filho e do proprietário do Astra Maldito.

Por Arthur Miranda (tutu)

9 comentários:

Soninha disse...

Olá, Arthur!

Reza a lenda que o número 666 é o número da "besta"...uma simbologia que nem todos acreditam, claro.
Mas, é engraçado como as pessoas andam totalmente distraídas, desatentas, nos tempos de hoje...aquela correria, muitos problemas a resolver ao mesmo tempo, levam as pessoas a não prestarem atenção a muitas coisas.
Nem notar o carro trocado foi o máximo!
Para mim, já aconteceu de eu tentar abrir a porta de outro carro igual, nos estacionamentos...kkkkkk...tb sou distraída as vezes.
Valeu!
Obrigada.
Muita paz!

Miguel S. G. Chammas disse...

Arthur meu camarada, tem dia que se der moleurubu debaixo fa cocô nio urubu que está voando acima dele.
Teu amigo tinha de terido a uma benzedeira e, fala sério, ter cercado o macaco de todos os lados ni bicheiro mais proximo.
Continuo impressionado com a falta de sorte do seu amigo.

Luiz Saidenberg disse...

C´est la vie, caro Tutu. Sorte e azar se revesam...
Qto a tais engano, são comuns, com tanto carro em S. Paulo. Eu mesmo já saí da garage de um prédio que trabalhava com um carro igual ao meu. Estava parado no lugar onde costumava deixar o meu, e só notei o erro na rampa da garagem, pois o meu tinha mais motor...dei a volta no quarteirão,e quando entrei novamente, o segurança perguntou- ué, mas já voltou??? Abraços.

Zeca disse...

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Arthur,

só faltou dizer que a placa do carro levado por engano era também 6666... rs.

Esse seu amigo é um dos caras mais azarados que já tive notícias! Também, encanar logo com o mais "maldito" dos números! O 666 que é, como já disse a Soninha, o número da "besta"! Cruzcredo!

E eu não dirijo, nem entendo nada de automóveis, a não ser sentar-me e deixar-me ser conduzido. Quando muito, posso ser um bom co-piloto, nada mais! Uma vez saí com um amigo que deixou o carro estacionado numa das ruas do centro (quando ainda era seguro fazer isso!). Fomos a um bar encontrar outros amigos e, algumas cervejas depois, voltando, entrei no carro (que estava com a porta destravada! Sinal de outros tempos!) e me assustei ao ver entrar, no assento do motorista, uma outra pessoa. Era o dono "daquele" automóvel. Eu é que tinha entrado no veículo errado! Mas por absoluta falta de atenção, não de sorte, isso eu posso garantir. Sabe por quê? É que o dono daquele outro carro, desfeita a confusão e algumas risadas pelo fato, acabou se tornando mais um amigo... risos. É que o placa do carro dele não tinha nenhum número 6... rusis.

Abraço.

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Zeca disse...

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C O R R I G I N D O:

O "rusis" que encerra o comentário é, na verdade "risos"... coisas de má digitação e, mais uma vez, desatenção. Nada a ver com o número da besta... risos.

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Arthur Miranda - tutu disse...

É isso amigos quando a maré não ta para peixe, a coisa fica feia.

Por acaso vocês ja comeram queijo bem Duro?

Pois posso garantir que não e mole não. kkkk.

É isso não foi moleza não.

Laruccia disse...

Arthur, até que o Carlito não é tão azarado assim. Do primeiro caso, em 1960, até 2010, são 50 anos, com dois azares, deve ser muito feliz no amor. Bela história, Arthur, parabéns.
Laruccia

Luiz Saidenberg disse...

Caro Arthur, não se deve jamais apostar no 666. Aliás, depois de tantos fracassos com a sorte, acho que nem se deve mais apostar em número nenhum. São jogos de AZAR, o nome já diz. Abraços.

Wilson Natale disse...

Pois é Arthur: Urubú voando alto, quando está de azar, o que voa embaixo faz caca em cima dele. (risos).
Texto ótimo!
E como eu sou daqueles que perde o amigo, mas não a "piada", dou ao seu texto nota 666... Ahahahaaaa!!!
Abração,
Natale