Sempre procuro contar coisas engraçadas e hilárias vivida por mim, nos
meus mais de 67 anos, mas todos sabemos que, infelizmente, a vida não é feita
só de alegrias; algumas coisas são tristes como a história que vou contar hoje.
Triste e intrigante, dai o título dela.
Todos os amigos deste site sabem que vivi 47 anos da minha vida na
Parada Inglesa, bairro da zona norte de São Paulo. Da casa em que nasci até a
última onde morei naquele bairro, não havia mais que dois ou três km
quadrados, portanto conhecia todo mundo que morava por lá. Um destes meus
conhecidos chamava-se José Rodrigues. Ele foi uma pessoa pública, muito famosa,
não com este nome, mas sim, com seu nome artístico que não vem ao caso agora,
até porque, para mim, ele sempre foi apenas o Zé, um tremendo de um amigão e
muito mais que isso, meu irmão maçom. O Zé sempre foi uma pessoa muito
saudável, forte, sacudido, não fumava, bebia apenas socialmente e apesar de
artista, tinha uma vida regrada e não cometia excessos. Quando o Zé estava com
62 anos, em 2012, aconselhado pela filha, a Aninha, que é médica pediatra,
ele foi fazer um check-up geral com um cardiologista conhecido dela. Fez
esteira, eletro, foi auscultado e tudo mais. Segundo o médico e pelo resultado
dos exames o Zé estava inteiro. Naquele mesmo dia a Aninha foi até o
apartamento dele para saber dos exames e o Zé disse que o médico havia falado
que estava tudo bem, mas ainda assim pediu que a filha desse uma olhada nos
exames, o que ela fez, e pelo que ela entendia de cardiologia, realmente não
havia nenhum motivo para preocupação. Bateram um papo, e depois de uns 40
minutos ela se despediu do pai e da mãe e foi embora. Quando chegou na portaria
do prédio, na hora que a porta de elevador abriu, o porteiro já a esperava
dizendo para ela subir que, pelo interfone a mãe houvera avisado que logo
depois que ela saiu, o pai não sentira-se bem. Imediatamente ela voltou, ele
morava na cobertura do décimo-quarto andar, quando lá chegou o Zé já estava
morto, sofrera um infarto fulminante.
Então eu pergunto: Meu Deus do Céu, quem pode entender?... Quem pode
entender?
Por Marcos Aurélio Loureiro