E aí, o
Facebook me fez lembrar do Cine Oberdan da minha infância.
O prédio
ainda está lá na Rua Ministro Firmino Whitaker esquina com a rua Sayão Lobato,
onde hoje está a matriz das lojas Zelo.
Uma bela
construção que já foi teatro de luxo. Escadarias de mármore, fachada imponente,
plateia, com frisas e camarotes, balcão também com camarotes e a galeria. Lá se
apresentavam grandes companhias de teatro do início do século XX. Isto tudo
quem me contava era meu pai amante do teatro e da ópera. Apenas para lembrar,
havia também o Teatro Colombo, que ficava no Largo da Concórdia, por onde
passaram também os grandes do teatro brasileiro e foi lá a última apresentação
de Francisco Alves.
Bem,
voltando ao Cine Oberdan. Numa matinê de domingo, o cinema cheio de crianças e
o filme era “Criminosos do Ar”. Em dado momento, numa cena de desastre ou algo
parecido, alguma criança na plateia gritou “Fogo!” e isso foi o suficiente para
que começasse a correria para fugir da sala enorme e lotada.
Naquela
época, não se pensava muito em segurança e as saídas não eram suficientemente
largas para que a criançada escapasse daquela armadilha, correndo desesperada e
em pânico. Conclusão: muitas caíram atropeladas na correria, outras se jogavam
escada abaixo tentando escapar do “fogo”, muitas morreram; foram trinta
crianças e apenas uma mulher que, para proteger a filha com o corpo, morreu.
Era um bebê que sobreviveu.
E o Cine
Oberdan também sobreviveu e depois da tragédia e do luto, reabriu e ficou em
atividade até o início dos anos 1960. Não era cinema de nenhuma rede, portanto,
os filmes que passavam lá, já tinham passado em outros cinemas há muito tempo,
mas tinha algo que os outros do bairro não tinham: a fita em série. E eu me
lembro muito bem de O Falcão do Deserto cujo último capítulo eu não assisti.
Para mim,
isso foi uma tragédia.
Por
Teresa Fiore