sábado, 6 de agosto de 2016

Na rua Lavapés


Éramos 4 amigos inseparáveis, eu, Wagner, Fausto e Dimer. Juntos saíamos pela noite sempre procurando um bom programa para nossa diversão; geralmente a opção era para um salão de baile no centro.
Havia também um acordo: quem conseguisse uma companhia feminina podia se desligar da turma  e seguir seu caminho.
Certa noite, fomos todos juntos ao salão do Paulistano da Glória e, eu e o Fausto, conseguimos conquistar duas garotas, boas bailarina;, eram duas primas, a M. e a MP. (os nomes são mantidos em sigilo para salvaguardar a privacidade).
Uma hora antes do término, saímos os 4 para terminar a noite na casa delas; as duas residiam num casarão que ficava na Rua do Lavapés, no Cambuci, ao lado da antiga Fábrica de Chapéus Ramenzoni  (hoje nenhuma das duas existem mais). Na casa residiam outras pessoas e num corredor comprido havia quartos de  ambos os lados. Ficou combinado que uma delas entraria na frente para ver se tudo estava calmo e se os demais moradores estavam dormindo.
 Tudo estava em ordem. Fomos caminhando pelo corredor escuro até o quarto das meninas, que também estava às escuras, e com o máximo de silêncio, elas entraram primeiro, eu entrei logo após e por último entrou o Fausto. Antes de fechar a porta ele perguntou onde ficava o interruptor da luz, uma delas indicou que ficava ao lado direito, mas o que ela não falou é que naquele dia à tarde o interruptor teve problema e teve que ser retirado por um senhor que cuidava da habitação, mas, por falta de tempo, não conseguiu colocar outro no lugar. Assim, a lâmpada teria que ser acionada encostando um fio no outro para  fechar o contato.
 Dessa forma, o Fausto levou a mão procurando o interruptor... Não preciso me estender no assunto para explicar o que aconteceu;  encostando a mão nos dois fios desencapados,  ele tomou um tremendo choque, deu um grito e soltou uma série de impropérios em pleno corredor. Com isso, várias portas se abriram e só víamos cabecinhas sonolentas procurando saber o que tinha ocorrido. Tivemos  que sair às pressas do local antes que alguém resolvesse tomar satisfações mais sérias. Deixamos as meninas lá e a noite terminou dessa forma. 
Dias depois, tornamos a encontrar as garotas e felizmente nada aconteceu  com elas que continuaram morando lá, mas nunca mais nos convidaram.



Por Leonelo Tesser ( Nelinho)

3 comentários:

Soninha disse...

Olá, Nelinho!

Que bom ter suas histórias de volta, aqui no blog.
Uma saia justa daquelas você e seus amigos passaram naquela ocasião, heim?
Mas, tempos maravilhosos, vividos intensamente em sua mocidade e que, agora, podemos conhecer através de suas lembranças.
Queremos mais histórias, ok?
Obrigada.
Muita paz!

Miguel S. G. Chammas disse...

Nelinho, estas passagens pós-bailes, eram bastante comuns dos bailarinos D. Juam de e antigamente. Quem não as teve?
Parabéns pelo texto e saiba que fiquei com gosto de quero mais.....

Wilson Colocero disse...

Nas histórias da nossa São Paulo de antes, sempre havia um toque de pureza e ingenuidade. O seu caso sugere que o interruptor era de "pêra", pois só as casas mais abastadas tinham o moderno de "botão". Gostei do final "chocante"!