Era
uma noite fria e minha mãe já havia nos chamado para o jantar, sempre muito
simples, mas quando todos nós deveríamos nos reunir em torno da mesa, de nossa
cozinha... Daquela casinha pobre, na Rua Umuarama, na Vila Prudente, onde
vivíamos muito felizes.
Aguardávamos,
ansiosos, a chegada de nosso amado pai de seu trabalho e foi com grande alegria
que o recebemos. Seu sorriso gigante ao nos abraçar, mesmo estando exausto depois
de um dia intenso de muito trabalho e tendo enfrentado o ônibus, recompensava-nos.
Naquela
noite inesquecível ele trouxera os produtos que eventualmente retirava, como
funcionário das indústrias Antárctica, na Mooca.
Uma
garrafinha pequena e gordinha, verde clarinho, chamou minha atenção. E meu pai,
percebendo nossa curiosidade e sempre querendo nos agradar, nos perguntou o que
era aquilo e acrescentou: quem adivinhar o que é vai ganhar agora. Foi um grito
só: REFRIGERANTE!
Mesmo
com minha mãe ralhando, dizendo que não poderíamos tomar nada naquela hora,
pois estava frio, meu pai foi distribuindo as garrafinhas, já com o abridor de
garrafas nas mãos, enchendo nosso coração e nossa alma com muita alegria e
nossos estômagos com aquele líquido avermelhado, doce e mágico: CEREJINHA.
Jamais,
em toda a minha vida, pude experimentar sabor igual aquele. Mas, o que nunca
mais poderei esquecer, são os olhos de meu pai, cheios de alegria, vendo seus
filhos saborearem aquele refrigerante, pois não era sempre que tínhamos estas
iguarias em casa.
Que
Deus abençoe meu pai e minha mãe, onde eles estiverem, lá no céu!
Muita
paz!
Por Sonia Astrauskas
23 comentários:
Soninha não conheci Cerejinha, mas curti muitos domingos regados à Grapete!
bjs
E abençoada seja você com todo esse carinho armazenado em seu coração e toda essa verbalidade para fazer, de uma lembrança corriqueira, uma poesia maravilhosa.
Adorei e ainda ri, portanto meus parabéns.
Bonitinho, Sonia. Belas lembranças da Cerejinha. Não lembro se tomei, mas sem dúvida o nome é familiar. Abraços.
Soninha! onde estava você? eu bem me lembro da Cerejinha, garrafinha gordinha e o líquido côr de laranja escuro, parabéns pelo poético texto, abraços, Nelinho.-
Sonia, é claro que lembro da "Cerejinha" porém, o que me chama atenção são suas recordações com um gesto, aparentemente tão simples e rico em emoção. Que coisa linda vc lembrar do papai, cheio de amor e com a única preocupação de levar a felicidade em casa. Isto, realmente, são momentos inesquecíveis, devem ser preservados pra todo o sempre.
Parabéns, querida Sonia, se vc teve pais que mereceste, eles tiveram filhas que honraram suas vidas terrenas.
Modesto
Beleza Soninha!
Família é tudo!
Nós vamos partindo, mas a família na sua essência permanece em nós, íntegra, nos deliciando com os doces momentos que nos vem à lembrança.
E que privilégio esse de ganhar Cerejinha!
Muita gente não lembra dela porque era muito cara. O preço de uma cerejinha equivalia a dois Guaranás ou duas Cocas.
Foram raras as vezes que eu a tomei.
Mesmo tendo desaparecido, ainda se pode sentir o mesmo sabor desse refrigerante. Se um dia você for a Minas Gerais, peça um Mineirinho e mate a saudade da Cerejinha.
Gostei muito do texto!
Abração,
Natale
Soninha!
Que deliciosa lembrança! Não apenas a delícia do sabor da cerejinha, que tive a oportunidade de experimentar - e gostar - como a da doce lembrança do olhar de satisfação do seu pai ao constatar a felicidade que aquele simples gesto trouxe às suas crianças. É sempre uma alegria ler os seus textos sensíveis e carinhosos!
Abraço.
Oi Soninha, tenho 51 anos e fiquei emocionado com seu relato, e o seu sorriso traduz a infancia e educação que teve em familia, parabéns. tenho muita saudade do tempo e do refrigerante citado.
Edvaldo/SP.
Oi Soninha
Que bom ver seu post.
Eu sempre ficava muito feliz quando minha mãe me dava uns trocados para comprar Cerejinha numa mercearia (acho que isso também não existe mais! kkk)perto de casa.
Parece que o almoço ficava ainda mais gostoso do que já era.
E com isso lembrei que, às vezes, meu pai trazia balas Toffee, que ele comprava no trem, ao retornar do trabalho (elas grudavam no céu da boca, mas ... como eram gostosas!). No dia do pagamento ele trazia pastéis, que eram embrulhados num papel rosa ou verde, amarrado com fitilhos na mesma cor. Os pastéis chegavam meio amolecidos, mas ainda quentinhos - E, que delícia!!!
Bons tempos, boas lembranças.
Grande abraço
Almir
Esqueci de dizer.
Como disse o Natale, a Cerejinha era cara, assim, se guaraná era uma vez ou outra, Cerejinha era ainda mais esparsa.
O que era mais comum mesmo, mas nem tanto, era a tubaína (Itubaína) ou a famosa Groselha Milani. Ou o KiSuco!!!
O engraçado, é que era tudo açúcar puro, e corante e flavorizante a rodo!!!
Mas tudo com o inesquecível gostinho de infância!!
Felicidades
Almir
Olá, Almir!
Que bacana sua visita aqui no blog.
Suas memórias só enriqueceram o texto e nos encheu de alegria.
Venha sempre!
Se quiser nos contar suas histórias sobre Sampa, ficaremos honrados.
Basta enviar seus textos para soniaastrauskas@uol.com.br que eles serão postados também, ok?!
Uma vez mais, muito obrigada.
Muita paz! Beijossssssss
Sonia, coloquei no Google minha saudade e me deparei com seu texto! Que nostalgia me dá lembrar da Cerejinha, que tomava na minha infância em Bauru. Bela história. Lindas lembranças. Obrigada por partilhar!!
Olá, Mônica!
Que bacana você ter vindo ao Memórias de Sampa.
Agradeço por comentarr meu texto. Também tenho muita saudade deste refrigerante inesquecível, Cerejinha.
Aqui, no blog, temos vários autores que nos trazem as mais incríveis histórias, tendo como fundo nossa querida cidade de São Paulo. Volte mais vezes. Ficaremos honrados com sua visita e comentários.
Se tiver alguma história sobre a cidade de São Paulo e quiser nos enviar, postarei aqui no blog também, ok?!
Uma vez mais, obrigada.
Muita paz! Beijossssssss
Nossa Sonia que bonita estória eu infelizmente não experimentei a tal Cerejinha, porque éramos tão pobres que não podíamos comprar o tal refrigerante, mas lembro muito bem da propaganda feita no circo do Arrelia, isto não me sai da memória assim como a vontade de ter tomado um copo desse refrigerante.
Eu agradeço a todos pelos comentário, especialmente a você, que não se identificou, mas que escreveu agora.}Me fez lembra do texto que escrevi e da gostosura do refrigerante "Cerejinha".
Obrigada. Feliz Natal. Muita paz!
Hoje comentei com minha esposa sobre o Cerejinha. Na época, 1974 ou 1975, eu tinha 11 para 12 anos e ainda morava em Sampa e me lembro até que razoavelmente bem do sabor deste saboroso refrigerante. Pena que acabou. Abraços.
Olá, Spinouli!
Agradeço imensamente sua visita e seu comentário.
Suas lembranças são nossas. Valeu!
Volte sempre. Muita paz!
Voltei no tempo. Tenho 58 anos. Meu avô, todo começo de semana fazia uma compra de cervejas e refrigerantes para a família e para mim, Cuja família morava com ele, em especial, ele trazia "cerejinha" porque eu era a caçula da família. Foi muito bom relembrar estes dias distantes. Valeu!!!
Voltei no tempo. Tenho 58 anos. Meu avô, todo começo de semana fazia uma compra de cervejas e refrigerantes para a família e para mim, Cuja família morava com ele, em especial, ele trazia "cerejinha" porque eu era a caçula da família. Foi muito bom relembrar estes dias distantes. Valeu!!!
Olá, você, Portal do Tempo Integral:
Fico feliz com sua visita ao blog e por seu comentário. Também sinto muita saudade.
Volte sempre, pois o blog tem este compromisso de trazer as mais belas histórias de Sampa, pelos olhos de seus autores colaboradores.
Muita paz!
Meu pai foi um tirano. Ainda hoje, aos 58 anos de idade, tenho uma frustração e desejo de ter tomado o Cerejinha. Via outras crianças tomando aquele refrigerante e sequer podíamos pedir ao nosso pai que o comprasse. Me emocionei com sua narrativa e com a postura de seu pai. Parabêns a ambos.
Era o refrigerante desejado de nossa infância, minha e de meus irmãos. Era só no domingo que tomavamos, dividindo duas garrafinhas entre nós. Muito bom ter lido seu texto, são lembranças queridas de toda uma geração!
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