quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Memórias Videntes

Sou um rebento que veio ao mundo no seio de uma família Católica Apostólica Romana e, por isso, sem ser consultado, fui batizado na Igreja Católica.
Na religião que me foi “imposta” cresci, fui membro da cruzada infantil, coroinha e congregado mariano. Vivi parte de minha vida infanto juvenil dentro da Igreja.
Afastei-me da Igreja mãe quando, usando da inteligência, comecei a contestar dogmas que me queriam enfiar goela abaixo, e fui buscar minha crença em outras freguesias. Fui macumbeiro, umbandista, espírita, e tudo quanto me viesse ser apresentado como religião ou coisa que o valha.
Mesmo na época de inconteste catolicismo, passei por experiências bastante estranhas. Via coisas que ninguém mais enxergava, percebia movimentos que ninguém percebia, e toda vez que comentava tais coisas era recriminado, me mandavam rezar algumas orações e esquecer o ocorrido.
Na verdade eu era uma pessoa vidente. Era, por que com o tempo passando célere, as minhas vidências foram se esgotando, ou melhor, se afastando.
Certa ocasião, ainda na Rua Augusta, eu dormia tranquilamente quando, sem mais nem menos, acordei gritando e chorando. Acudido por minha mãe, eu dizia a ela que não queria que meu avô Gido morresse.
Ela, para me tranquilizar, tentava mudar o rumo da conversa e eu não permitia, continuava afirmando que não queria a morte de meu avô, mas que ele iria morrer.
Dias depois, meu avô, que já vinha com a saúde debilitada, faleceu. A premonição de sua morte ficou gravada em minha lembrança para todo o sempre.
Noutra feita, próximo ao dia de finados, fui com minha mãe, como de costume, até o Cemitério São Paulo visitar o túmulo de alguns parentes dela. Depois das visitas, ganhamos a rua pela saída lateral desse cemitério, que ficava ao lado da Igreja do Calvário, na Rua Cardeal Arcoverde.
Minha mãe, religiosa, resolve subir as enormes escadarias da igreja para fazer mais algumas orações. Subimos e, ao adentrar a nave da igreja, do lado direito, no primeiro altar secundário, acondicionada numa vitrine de vidro, estava a imagem de Jesus Morto, que eu por tantas e tantas vezes já havia visto. Porém, nesta ocasião, ao aproximar-me do altar, vi clara e nitidamente a imagem abrir os braços para mim como se quisesse me abraçar. Ante a experiência inédita, não tive a menor dúvida, soltei o maior berro que ecoou fortemente por toda a igreja que, naquela hora, estava completamente vazia.
Foi um “pega prá capar”; minha mãe me acudindo, o padre correndo para saber o  que havia acontecido,o sacristão me trazendo um copo de água.
Resumindo, depois de narrar a ocorrência ao senhor padre, ouvi dele uma tremenda bronca por considerar minha mente imaginosa e desrespeitosa.
Continuei, agora cada vez mais calado, a ter minhas experiências de vidência. Passei a estudar matérias escolares dentro do Cemitério da Consolação e do Araçá e, por várias vezes, tive a certeza de estar sendo protegido e auxiliado por irmãos já desencarnados.
À medida que fui crescendo, tais ocorrências foram diminuindo, até se extinguirem por completo.
Hoje, nada mais consigo enxergar do mundo espiritual. Bem que gostaria ter meus sentidos novamente aguçados.
Por Miguel Chammas

9 comentários:

Luiz Saidenberg disse...

Miguel, quem foi rei não perde a majestade. Sem dúvida, foi uma fase muito rica de sua vida, com tais experiências espirituais. Talvez, mais sufocado pelos problemas rotineiros, vc tenha
reprimido esta parte tão sensível. Mas, acho que,se quiser, poderá recuperá-la, agora que goza de mais tranquilidade para meditação. Nunca tive visão alguma; não é a minha praia. Mas respeito muito quem as têm, pessoas queridas, como a Marcia e a Sonia.
Abraços.

Arthur Miranda disse...

Querido Miguel, Não sei o que dizer com respeito a tudo isso, pois sou completamente leigo em ciências ocultas, para-normalismo e fenômenos extra sensoriais, Respeito tudo isso mas confesso sinceramente que não creio nessas coisas, provavelmente até por desconhecer por completo o assunto.E até mesmo por deixar as coisas do mundo espiritual para quando eu for espirito, e aí então resolvo esses assuntos pessoalmente mesmo por que com meus 73 anos não deve estar faltando muito para esse dia chegar,(Modesto a parte, kkk). Mas espero do fundo do meu coração que você volte a ter esses super poderes, e assim resolver ficar de bem com esse mundo espiritual.

Laru disse...

Chammas, sua interpretação aos mistérios da vida são bem interessantes. Não importa se eu creio ou não. Se afirmo, não tenho provas, se nego, não tenho conhecimento, prefiro ficar aonde vc está. No limbo do conhecimento da VERDADE. Parabéns, Miguel.
Laru

Soninha disse...

Oieee...

É bem dificil para as pessoas acreditarem ou compreenderem o que acontece conosco, referente à mediunidade.
Depois de muito estudar, sei que é mais uma sensibilidade psiquica entre as muitas que o ser humano é capaz... E isso é cientificamente comprovado. Haja vista nos primórdios de nossa vida, quando ainda criança na primeira infância e não sofremos a interferência de opiniões de adultos e vemos nossos amiguinhos ocultos, conversamos com eles e não os tememos...
Só depois, quando crescemos e agregamos aprendizados culturais e sociais é que vamos nos amedrontando e duvidando até daquela velha capacidade de perceber outros corpos fluídicos.
Um dia, a ciência vai comprovar, como já comprova tanta coisa que a nossa vã fislosofia ainda é incapaz de exlicar.
Quanto à sua sensibilidade extinta, pense no que poderia er inibido esta sensibilidade...condutas, costumes, afastamentos, etc...
O mais importante é que Deus olha por todos nós, visiveis ou não.
Valeu!
Muita paz!

margarida disse...

Miguel, eu acredito que nossa verdadeira vida é a espiritual e que estamos aqui na terra de passagem para aprendermos e evoluirmos nosso espirito.Acredito que muitos de nós veem, outros ouvem e outros sentem.No meu caso eu ouço. Uma vez só vi algo aqui em casa,era baixo vestindo túnica branca e blusa vermelha parecendo veludo com um instrumento musical na mão. Ele foi para o meu quarto e acho que está lá até hoje. Fora isso vejo luzes piscarem ao redor de certas pessoas, quanto converso.Não sei bem o que isto representa, às vezes sinto que é coisa boa, outras não.Você bem que poderia desenvolver este dom que Deus lhe deu. Um grande beijo.

Wilson Natale disse...

MIGUEL: Não se perde a sensibilidade. Reprime-se.
No seu caso, ela foi reprimida pelos adultos e pelo padre.
E você fazer o quê, senão aceitar essa censura?
E o dia-a-dia, o corre-corre desta vida vai nos distanciando do sensível.
A sua sensibilidade está ai, basta abrir a porta e deixá-la aberta.
Texto muito bom que explica muito dessa sua qualidade agregadora e essa capacidade de envolver os amigos na paz e na alegria.
Abração,
Natale

Cida disse...

Acredito e respeito,mas nao tenho conhecimento de como acontece. Talvez voce possa rwecuperar. Como alguns disseram, isso explica a afinidade com certas pessoas ou não. Coisas do além, rsrsrsrs
Valeu, Miguel.

Luigy disse...

Miguel
Que interessante essas manifestações que ocorrem em nós seres humanos, coisa que a Santa Igreja teima em não investigar e o conselho federal de psicologia fingi desconhecer e fecha os olhos emitindo aquele mantra: não vie e não acredito. Pena né a Igreja vai perdendo fieis para outras mais espertas.
Temos coisas em comum. Tive algumas sensações parecidas com a sua e tambem algo chamado EQM que estou escrevendo.
Acho que vc deveria deixar a desabrochar para se tentar ver de conseguimos acertar na loteria. Abração

Leonello Tesser (Nelinho) disse...

Miguel, não duvido de suas palavras, mesmo porque quando meu irmão sofreu um acidente ficou internado no hospital das Clínicas, minha avó tinha por hábito acender uma lamparina no copo com óleo e água, por volta das 4 horas da manhâ a chama da lamparina aumentou repentinamente, imediatamente minha avó anunciou que meu irmão havia falecido, meu pai que havia ficado lá do lado de fora do hospital (não se podia ficar com o paciente) confirmou que oóbito ocorrera realmente as 4 horas.- Infelizmente ainda somos muito pequenos para entendermos as coisas espirituais, parabéns pelo texto, abraços, Nelinho.-