sexta-feira, 29 de junho de 2018

Gordinho


imagem: EMEF Rui Barbosa - Vila Guilherme

No ano de 2000, eu estava um pouquinho ( para ser modesto) fora do peso. Nesta época eu lecionava à noite  na EMEF Rui Barbosa , nos altos da Estrada da Conceição na Vila Guilherme. 
Sempre fui um amigo professor e um professor amigo. Durante as aulas eu era o professor amigo, aquele que atende mas mantem a ordem e a disciplina. Fora das aulas era o amigo professor, amigo antes de ser professor.
O estacionamento da escola ficava em um terreno de frente para a escola, do outro lado da rua.
Um belo dia, já no horário de verão, e portanto dia claro, apesar das 18:30 horas, estacionei o carro e me preparei para atravessar a avenida, no exato momento em que vinha um destes caminhões que vende produtos de limpeza, anunciando a todo volume a aos altos berros os seus produtos.
Como estes veículos andam bem devagar, tentei atravessar; quando fui, achei que não dava e parei, no mesmo instante que o motorista parou também.
Como eu parei ele foi, e como ele parou eu fui também, e novamente deu-se o impasse; parei eu, parou ele, e para não ficar neste vai e para, para e vai, o motorista do caminhão falou no alto falante: " ATRAVESSA GORDINHO".
Eu sorri e fui. Ao chegar do outro lado da rua, ele brincou de novo :" BOA NOITE,GORDINHO".
Um grupo de alunos que já estava na porta da escola, caiu  na risada, eu sorri também, entrei e fiz meu trabalho normalmente. 
Dia seguinte cheguei na escola e percebi que havia um número incomum da alunos na porta da escola, mas não atinei com nada, parei o carro normalmente no estacionamento e fui para o meio fio, a fim de atravessar a avenida, quando parei para ver se não vinha vindo ninguém, a moçada lá do outro lado, em coro entoou:" ATRAVESSA GORDINHO". Sorri e atravessei, chegando ao outro lado, a turma me recebeu com um sonoro:" BOA NOITE GORDINHO". E foi aquele mundo de risada, cujo som delicioso, escuto até hoje pelos ouvidos d'alma e com saudade no coração.

Por Marcos Aurélio Loureiro