imagem : Praça Silvio Romero
Nas
décadas de 50 e 60, a Praça Silvio Romero, no Tatuapé de cima, era como se
fosse de uma cidadezinha do interior, onde a vida girava em torno dela. A
igreja de Nossa Senhora da Conceição, no centro da praça, embora fosse uma
capela, era majestosa com a sua torre e seus sinos onde tive o prazer de
badalar quando garoto.
O
início dos passeios foi quando o prefeito Jânio Quadros instalou duas fontes
luminosas. O Cine Leste das suas matinês aos domingos ou a seção das moças nas
quartas-feiras onde enchia de rapazes para arrumar uma namorada. Impossível
alguém daquela época que não teve algo a ver com a praça, nem que fosse só para
embarcar no ônibus 34 que fazia o itinerário até o Anhangabaú, passando por
Belém e Brás a caminho do trabalho ou a passeio, era o que a rapaziada fazia
aos domingos à tarde quando nos encontrávamos para as domingueiras nos salões
do Independência, no Brás, ou em outro salão qualquer da cidade.
Para
tratar dos dentes era o Dr. Estevão, precisando de um médico era o Dr. Oswaldo
Cruz. Quando sobravam alguns trocados, a molecada se reunia para uma pizza na
padaria Montenegro e a padaria Lisboa até hoje está lá com seu pãozinho
imbatível. Para dar uma aparadinha no cabelo era o salão do Mario, ao lado do
cinema. Havia o Bazar Cinelândia, um dos primeiros a vender os Bolachões de 78
RPM, quem comprava dez ganhava um de presente.
Na
Farmácia Santa Rita era onde curávamos nossas gripes e resfriados, bancos
Auxiliar e Noroeste, onde quase todos tiveram seus primeiros talões de cheque.
Em época de eleição, os comícios, tanto do Jânio quanto do Adhemar, eram na
praça, foi em um desses que vi cantando em cima de uma carroceria de caminhão
os Demônios da Garoa, em uma das suas primeiras formações.
O
comitê do sempre candidato a vereador pelo bairro, Alfredo Martins da padaria
Lisboa, que entre as mensagens tocava a Deusa do Asfalto e a Volta do Boêmio
Nelson Gonçalves a noite toda. Avistava-se o enorme galo da caixa d'água da
fábrica de canos D. Maio e Gallo.
Em uma
manhã, houve um enorme incêndio no posto de gasolina Izildinha, que depois
virou um mercado. Quem precisasse de material de construção tinha o Macalci, na
esquina com a Padre Adelino, a pastelaria e na frente dela o pipoqueiro Paulin,
para quem procurasse casa para comprar ou alugar: Imobiliária Boa Sorte. Para
estudar: a escola 22 de Outubro do professor Narciso, quem gostava de música: o
Conservatório Musical Heckel Tavares, reunião na sede da Sociedade Amigos do
Bairro.
Alfaiataria,
Alonso, um espanhol que confeccionava os ternos para a rapaziada se dar bem nos
bailes.
Por
José Camargo Beira