quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

Meu Tatuapé sumiu


imagem: José Beira aos 20 anos de idade, em seu querido Tatuapé

Os campos de futebol da várzea da Rua Melo Peixoto, o campo do Paulistinha, onde disputei vários festivais, virou a Radial Leste e outros vários campos de futebol viraram bairro chique Anália Franco.

A capelinha onde eu tocava o sino sumiu da praça, o cine Leste das matinês aos domingos e seção das moças às quartas, virou um enorme espigão, o Grupo Escolar Visconde de Congonhas do Campo, onde aprendi a ler e escrever, ainda esta lá, mas escondido atrás de muros tão altos que mais parecem uma prisão.

Procurei a sede do Cruzeirinho onde havia bailes memoráveis e muitos amores. Virou um enorme estacionamento.

Meu Tatuapé sumiu.

Passei na Rua Tuiuti para ver o casarão onde cheguei com um mês de vida... Outro espigão.

Prédios, prédios e mais prédios foi o que virou meu Tatuapé querido.

A caixa d’água com o galo da empresa de Maio e Gallo sumiu junto com a empresa.

Sumiu a famosa porteira e o sinal “din din din” da passagem de nível dos trens da Central do Brasil. Virou shopping e estações.

Sumiu tudo que me lembra de meus dias felizes da infância e juventude.

Para onde foi meu Tatuapé?

Ficou parado na minha memória, pois eu saí há 40 anos do Tatuapé, mas aquele Tatuapé dos anos 50/60 jamais sairá de mim.


Por José Camargo Beira
 

terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

Pagando promessa


imagem: Ladeira da Penha (atual Ladeira Cel. Rodovalho). No canto direito o monumental Palacete Rodovalho que tinha uma ponte de ferro sobre a ladeira para acesso à Estação Penha de um ramal da E.F. Central do Brasil. Ao fundo, o Tatuapé, ainda uma região rural, cortada pela Estrada da Intendência (atual Av. Celso Garcia)



Olhando uma postagem de Miguel Chammas, de uma charge com foto,  dizendo sobre o baiano pagando promessa, onde aparece um “cabra” ajoelhado na escada rolante, lembrei-me de um tio meu, irmão de minha mãe, que fez uma promessa de ir de joelhos até a Penha.
Isto quando sua mãe, minha bisavó, sarou de uma doença grave. 

Era o início do século passado e seus familiares moravam no Cambuci;  neste dia, o tio que era muito jovem, nem imaginava onde era a Penha. Muito menos, ainda, o restante da família, imigrantes espanhóis chegados há pouco ao Brasil. 

O caso foi resolvido deste modo:  Naquela época quase ninguém tinha carro. Resolveram chamar um carro de aluguel e o coitado do motorista, a pedido do meu tio, arrancou o banco da frente do carro para que ele pudesse ficar ajoelhado e ir até a Penha. 

Promessa era coisa séria e todos daquela rua cooperaram com dinheiro e com a trabalheira que foi arrancar o banco. 

O tio foi vestido de “San Antonio" ao qual fizera a promessa e ainda levaram uma cesta cheia de pedidos de graças feitos pelos amigos e vizinhos.



Por Trini Pantiga