quarta-feira, 25 de novembro de 2015

As esfihas duplas


 
imagem: Rua Barão de Itapetininga - década de 60
 
No início dos anos 60, bem ali, na rua Barão de Itapetininga, junto à Livraria Francesa, o seu Natalino vendia aquelas esfihas gordurosas em uma estufa que ficava na porta de um bar.
Em volta da tal estufa, transeuntes de poder aquisitivo irrisório, eu era um deles, se reuniam para degluti-las na hora do almoço.
Eu era office-boy e trabalhava ali perto, na Galeria Califórnia, e sempre marcava o ponto na porta daquela bar.
"Seu Natalino, manda ver uma esfiha dupla aí para mim, não comi nada até agora" pedia eu.
Com o pegador de metal, o seu Natalino colocava uma esfiha sobre a outra e as dobrava colocando-as naquele papelzinho liso que não absorvia nada.  Era a tal "esfiha dupla". Depois de encharcá-la de limão com aquelas bisnáguas um tanto encardidas, seu Natalino estendia o braço dando-me a preciosa iguaria. Além do limão, o que não faltava era o óleo que a esfiha esbanjava.
Normalmente o freguês se inclinava para a frente e recuava os pés para trás evitando que o óleo caísse no sapato quando a esfiha era abocanhada. Como ganhava pouco e não tinha grana para gastar em sanduíche e em PF, as esfihas duplas do seu Natalino quebravam um galhão.
Bons tempos aqueles.
Por Nelson José Xavier da Silva
 

60 comentários:

  1. Olá, Nelson!

    Quando lembramos os acontecimentos de nossa vida, sentimos aromas, sabores... Tudo vem em nossos sentidos, não é mesmo?
    Bacana seu texto.
    Participe sempre, ok?
    Muita paz! Abração.

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  2. Nelson, fui um freguês assíduo do seu Natalino, eu trabalhava na Rua Barão de Itapetininga, 80 (prédio em que estava instalada a Junta Comercial de São Paulo), outras esfihas duplas que eu consumia sempre, eram as vendidas na esquina da Rua Quintino Bocaiuva com a Rua José Bonifácio. Ali era vendida, também, a Esfiha Mixta (uma esfiha + um quibe). Tempo de durezas e delícias.

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  3. Fiquei muito tempo sem escrever, apenas fazendo um comentário aqui e outro ali em textos dos amigos. O degringolar de meu estado de saúde acabou por me jogar numa depressão braba, mas vou me recuperando... Quanto às esfihas, eu as comia num botequim que existia na esquina da José Bonifácio com a Quintino naquele edifício centenário onde ficava a Rádio Record. Gordura à beça regada a um suco de limão fajutado com água e vinagre; hoje, talvez eu passasse longe daquela bomba, mas como resistir à duas esfihas numa espécie de sanduiche por 500 réis e 14, 15 anos de idade; difícil, né?

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    1. Grata lembrança, nos anos 60 trabalhava na rua José Bonifácio na Cia de segur0os americana e comia muitas esfihas duplas e oriental(esfiha com um quibe).

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  4. Juro por Deus que meu nome não é Anônimo. Meu nome é Joaquim Ignacio e estou voltando, aos poucis, a escrever. Abraço do Ignacio

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  5. E as minhas esfihas, ou melhor, a minha esfiha ficava na Av. Ipiranga, bem ali no quarteirão do Cine Ipiranga quase pegado ao cinema. Era o que dava para comer naqueles tempos de salário mínimo, na saída do trabalho, antes de entrar na Cultura Inglesa. Tinha que escolher: estudar ou comer antes da aula; dava para fazer as duas coisas, desde que fosse a esfiha do Quibesfiha da Av. Ipiranga.

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  6. Sr. Nelson, bom dia!!

    Ainda dá para "matar a vontade".

    Na Praça da Sé, na saída da estação que dá para a Guarda Civil Metropolitana, sentido Rua 15 de Novembro/Páteo do Colégio, tem o Sr. Machado e esposa, que ainda vendem essa esfiha dupla (não tem sabor igual).

    Fernando

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    1. Este comentário foi removido pelo autor.

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    2. Fernando, quem produz as esfihas do sr. Machado é o genro do Samuel, o maior produtos das famosas esfihas sebentas. Na é poça o Samuel usava uma banheira esmaltada para fazer os recheios de tanta encomenda que tinha.
      Hoje com a concorrência ele está pensando em parar. Parece que o Machado é o único freguês. Por isso lanço uma campanha: Vamos salvar as Esfihas Gordurosas

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    3. Sou o senhor Fogaça qual o endereço do Sr Machado e se ele ainda vende a esfiha dupla dos anos 40 ??

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    4. Veio a pandemia e ele saiu e me falaram que foi pro Brás, alguém sabe me informar onde se encontra. Obrigada!

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    5. Ola pessoal aonde foi parar o sr Machado das esfirras abertad la na praca da Se? Alguem sabe?

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  7. Pensava que eu lembrava dessa esfiha. Quantas vezes ao sair do Instituto de
    Mecanografia-Curso Underwood que ficava no final da Quitino Bocaiva, eu passei nesse boteco pra pedir 2 abertas 2 um oriental pro Mingão, lembram dele? um sujieto Alto, magro, com o tradicial bigodinho bem aparado e que em movimentos circulatórios do corpo, não sei porque fazia isso, sempre perguntava:- Só limão?...vai pimenta?....rs
    Mas acredite, descobri um buteco na praça da Sé que aida vende as esfihas que são feitas pelo genro do antigo fornecedor desse saldso local que descreveu e te falo ainda mais, assim como eu outros tantos saudosistas frequentam o local e os que não podem pelas distâncias mandam buscar as lendarias esfihas gordurosas.
    Só espero que no futuro alguem ainda possa ontar as histórios dessas esfihas e ainda saborear com sempre fizemos..

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  8. Como está sendo extinto e eu sei que na praça da Sé ainda tem, vou comprar e fotogafar pra dar um gostinho de infância aos demais, rssss

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    1. NA PRACA DA SE NAO TEM MAIS FOI O ULTIMO LUGAR QUE ENCONTREI QUE PODE NOS DAR UMA LUZ PODE SER O DONO DO BUTECO ?

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  9. Tomei a liberdade de compartilhar o link desta sua página em meu Facebook com as fotos das Esfihas Duplas (que não tem em site nenhum) e também um vídeo curto mostrando como sempre foi servido.
    Grande abraço, e mais uma vez parabéns pela matéria!!!

    Link da minha postagem com as fotos e o vídeo:
    https://www.facebook.com/jadercastrosp/posts/1405106932909674

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  10. Obrigada, Jader!
    Seja sempre bem vindo.
    Muita paz!

    Sonia Astrauskas
    (Moderadora)

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  11. Quanta saudade das esfihas duplas, eu adorava.
    Parabéns pela publicação.
    Abraço.

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  12. jose celso sales vieira17 de outubro de 2018 às 16:27

    amigos, sou mineiro de Areado... durante 27 anos, fui à Sampa toda sexta-feiras, e nunca deixei de comer 2 ou 3 duplas na Florêncio de Abreu. Já voltei lá e não existe mais... por amor de Deus, se alguém souber de algum lugar ainda em São Paulo em mande por email celsocar@netsite.com.br, que irei no salão do automóvel em novembro, e com certeza matarei a vontade e a saudade. Abraços a vocês, e continuem com esse blog... isso é muito bom... forte abraço... Celso

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  13. Jose Celso, existem as esfihas na Pça da Sé proximo à GCM e Caixa Federal, conforme comentou o tb leitor Jader de Castro.

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    1. O AMIGO EU JA COMI UMAS 500 DESSAS ESFIHAS MAS NA SE TB ACABOU DIZ A LENDA QUE VINHA DE FERRAS DE VASCONCELOS

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    2. Isso isso mesmo ele trazia as esfirras dessa cidade Ferraz se Vasconcelos alguem save se ainda existe em sao paulo algo parecido com as esfirras do sr Machado e sua senhora?

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  14. Aos amigos que como eu gostam das tradicionais esfihas "duplas", informo que o rapaz que vende pela manhã naquela estufinha da Sé, chama-se Joel e após às 12H seus filhos é que alí trabalham. O Joel conforme me falou, é neto do Sr. Jorge que foi quem começou o negocio com um forno/padaria no histórico beco da 25. No mesmo beco, à época, existia também o hoje famoso PACO. Em conversa como o Joel, fiquei sabendo que ele e familia continuam a fazer as esfihas e que o forno hoje está instalado em Guaianazes. Disse também que aceita encomendas pelo 011 4677 3240. Abraços e bom apetite.

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  15. Eu trabalhava como mensageiro no banco da bahia na rua sao bento 450. Defronte havia o banco do Brasil. Comia as esfihas no buraco da onca na banca do turco.

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  16. Lembram-se da Rua Direita? Pois e ate os anos 80 a comunidade negra da cidade ali se reunia invariavelmente para paquera,saber das novidades,dos bailes etc. Detalhe todos impecavelmente bem vestidos.

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  17. Luiz Roberto Brandao6 de agosto de 2019 às 16:04

    Passei hoje na banca do joel. Chegue cedo pra comer as sebentas.

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  18. Luiz Roberto Brandao6 de agosto de 2019 às 16:13

    Conversando com o Joel, recordamos acerca dos saloes de bailes Paulistano e Cacamba respectivamente nas ruas da Gloria e Quintino Bocaiuva, os cines Santa Helena e Cinemundi na praca da se, a pastelaria Modelo, na se.Tse.Tempos bons.

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  19. Bom dia pessoal, eu igual a muitos conforme lí nos comentários, também era office boy e na época trabalhava na YORK PRODUTOS CIRURGICOS que ficava na rua ERNESTO DE CASTRO, travessa da rua PIRATININGA. Todo dia ia fazer serviço de banco no centro, e a firma dava o dinheiro para o transporte(ônibus), qdo. dava a hora do almoço eu e meus amigos tbm office boy íamos para a esquina da rua DIREITA com a pça da Sé para comer a deliciosa esfiha dupla com limãozinho. Gastava todo o dinheiro da volta de ônibus, aí ia no pé 2, até quase a Av.Radial Leste(Alcântara Machado).Fazem 40 anos que saí de sp., estou em BAURU-SP nunca mais comi as famosas ESFIHAS DUPLA C/LIMÃOZINHO...

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  20. Como será que faz, se alguém souber me passem a receita, bons tempos, ainda lembro daquele gostoso sabor.

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  21. Nossa passei lá hoje e matei minha vontade, mandei 3 duplas e um suco!
    Como é bom voltar no tempo, lembrei-me até dos Futboys!!!kkk
    Era um almoço que paga até com passe.

    BONS TEMPO!!!
    Passem lá e bata um papo com o sr Joel e aprecie as Delícia com as mesma qualidade e sabor da época dos anos 60 70,80


    att. Marco Antonio aos 60 anos

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    1. Aonde foi isso , estou a procura

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    2. por favor, qual o endereço das esfihas?

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  22. Qual será a receita dessa esfiha dupla.alguem sabe.

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  23. Eu também quero essa receita alguém tem

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  24. Daria tudo para comer uma daquelas Esfihas. Alguém tem a receitas dessas esfihas? Era uma massa diferente, nada parecida com as de hoje em dia!

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  25. Por favor alguém sabe onde vende essa esfhira abertas duplas gostaria muito de voltar a comer tempos bons não época meu falecido pai me levava pra comer muito deliciosas se alguém souber me avise a 40 anos atrás muito ótima a massa

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  26. Lendo os comentários me recordo do sabor inigualável de uma quitude tão simples, eu tinha uma parada obrigatória na minha adolescência em um vendedor na rua Florêncio de Abreu, realmente inesquecíveis.

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  27. Velhos tempos minha velha são Paulo quanta saudades nunca voltará geração de ouro minha esphira na rua sete de Abril galeria Nova Barão sem palavras

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  28. Existe o Joel ainda e faz essas famosas esfiha tão gostosas como o seu Jorge fazia na época?
    Se alguém tiver um contato ou endereço de onde existe essas esfihas, por gentileza publique aqui ou entre em contato comigo!

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  29. Gostaria de saber o de encontrar aquela deliciosas esfihas

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  30. Bom dia
    Onde consigo encontrar em São Paulo a esfiha dupla dos anos 40 ???

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    1. VARIOS LUGARES DO CENTRO TINHA LARGO DE CAFE C SAO BENTO JOSE BONIFACIO C R DIREITA TOP FOI A 55 AOS ATRAZ Q SAUDADES

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  31. Comecei trabalhar como office-boy em 1974 com 12 anos, e desde lá sempre gostei e comi muito essas esfihas.
    Hoje com 60 anos, morando no interior, assim que for a São Paulo irei lá na Sé saborear a saudade.
    Parabéns a quem ainda mantém essa tradição que virou historia.

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  32. Olá boa noite a todos, alguém tem o endereço onde comprar esfihas duplas dos anos 50 ???

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  33. Sr. Nelson, bom dia!!

    Ainda dá para "matar a vontade".

    Na Praça da Sé, na saída da estação que dá para a Guarda Civil Metropolitana, sentido Rua 15 de Novembro/Páteo do Colégio, tem o Sr. Machado e esposa, que ainda vendem essa esfiha dupla (não tem sabor igual).

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  34. A onde vou encontar p compra estas esfihas.

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  35. Na esquina da Quintino Bocaiuva com Jose Bonifácio tinham 2 velhinhos que também vendiam esfihas abertas e quibes em uma vitrina que ficava no bar, tinha a dupla esfiha e o Oriental um quibe no meio da esfiha, muito com, que saudades, abraços.

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  36. Que delícia que eram essas esfihas duplas só quem degustou sabe sabor inigualável. Eduardo agora morador em Brusque SC.

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  37. Sensacional....lembro do meu pai que adorava....era muito bom aquele monte de gordura .kkkkke a coxinha enorme...qdo vc chegava no recheio já estava xheio dentanta massa....mas wea muito bom

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  38. Na praça da se não tem mais, se alguém souber de outro lugar por favor avise.

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  39. Eu trabalhava na Rua Direita Qze tds.os dias eu saboriava essa delicia ,nunca achei ( gordurosa)qdo colocava limao o caldo caia ,ela tinha a massa muito leve a carne deliciosa ,hj.tenho vontade e saudade,se alguem tiver end.ou tl.cel.favor me passa nao tenho distancia p/ir saborear,delicia de iguaria!

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    1. Boa dia se vc for no mesmo endereço com certeza vai conseguir o telefone dele pois o espaço era alugado e a única informação que tenho e que ele mora em Ferraz

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  40. Eu comia tambem na esquina da 7 de abril com rua marconi, gostaria de saber onde comprar se ainda existe, ou se alguem tiver a receita, ficarei grato

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  41. Olá pessoal, hoje moro em Vancouver, Canada desde 1983. Costumava ir de Santo André para o centro de Sao Paulo só para comer as famosas Esfihas Duplas (eram gordurosas mas deliciosas) com suco limão. Comecei indo com o meu pai quando eu tinha 5 ou 6 anos, depois continuei indo sempre se podia. Muitas vezes não encontrava num local, mas rodava o centro pra encontra-las. Eu sempre ia direto para a esquina da Praça da Sé com Senador Feijó, ou na esquina da Praça da Sé com a Rua Venceslau Brás, onde uma das últimas vezes que fui, fui atendido pela esposa do senhor que regularmente me atendia pois estava doente. Mas acredito que não tenha se recuperado pois nunca mais o encontrei no local. Pergunta: Alguém sabe de onde vinham, ou conhecem a receita? Adoraria poder prová-la novamente. Obrigado abraços a todos.

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  42. No início da década de 1970 eu morava na Mooca e estudava no início da Av Liberdade, em cima do Cine Joia, e muitas vezes gastava o dinheiro comendo as deliciosas esfihas duplas e voltava a pé para casa. Mais tarde, já morando em outras regiões da cidade, voltava esporadicamente a Praça da Sé só para comer as esfihas. Nesta semana voltei a Praça, procurei por todos lados e não há nenhum lugar vendendo. Infelizmente.

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    1. Complementado: Até o ano de 2010 ainda era vendida no bar próximo ao posto da GCM. Hoje não tem mais.

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    2. Complementando: Até por volta de 2014, 2015, ainda era vendida na Praça da Sé, no bar próximo ao posto da GCM.

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